*Por Osmar Gomes dos Santos
A semana teve altos e baixos. Na minha humilde análise, tivemos alguns pontos a comemorar; e outros para, pelo menos, refletir. Quero trazer pelo menos um para reflexão que acho caber dentro de um diálogo minimamente racional.
Refiro-me ao Dia do Orgulho LGBTQIA+, 28 de junho. Não importa quantas são as letras e quais sejam as siglas, importa tão somente o pensamento que precisamos, sempre, ter em nossas condutas: R-E-S-P-E-I-T-O! Não se trata de um dia para celebrar a perda de valores sociais ou de família, como esperneiam alguns. Ao contrário, é a oportunidade para descobrirmos, enquanto sociedade “civilizada”, em que níveis andam a tolerância, a empatia e o respeito pelas escolhas de cada um e cada uma.
O Dia do Orgulho LGBTQIA+ é um grito, bem alto, em uma sociedade que segue com certa dose de hipocrisia. Pois os LGBTQIA+ são, sobretudo, pessoas como quaisquer outras, que fizeram suas escolhas, não importam os motivos. São pessoas.
Na relação que temos para com o próximo, penso não ser razoável que sejamos avaliados em razão dessas escolhas que fazemos, mas tão somente pela humanidade que cada um carrega. Quero ser visto assim e busco ver o outro da mesma forma.
Tem quem não concorde com essas escolhas, o que não constitui mal algum. Cada um de nós é fruto de um repertório social e cultural, que construímos desde a infância. Portanto, é natural que haja visões diferentes acerca deste e de tantos outros assuntos.
Chamo atenção apenas para o fato de não ser este um simples “tema”. Ao escolher abordar o assunto, não falo aqui de uma pauta que merece ser debatida para se chegar a um certo resultado. Falo aqui de vidas, falo de histórias, falo de pessoas. E não é fácil adotar a posição do outro para debater algo sobre o que ele vive.
O brado cada vez mais alto precisa ecoar em toda sociedade e em todas as esferas do poder público a pauta precisa ser discutida. E debatida dentro de uma mudança de perspectiva, pois não é possível fazer política pública de inclusão e de promoção da diversidade sem o envolvimento daqueles diretamente afetados.
As ações governamentais, como entendo, precisam ser em diversas outras pautas, passar do perfil do “fazer para” , para uma atuação do “fazer com”. As ações voltadas para a população LGBTQIA+ não devem constituir um pacote fechado de soluções. Para além disso, sob a égide dos direitos humanos, primando pelo princípio universal da dignidade da pessoa humana, deve se pautar no diálogo permanente com entidades, mas também com cidadãos e cidadãs LGBTQIA+. E para além das siglas e da discussão sobre como terminam as palavras.
Que o 28 de junho, tal como outras datas que de forma particular remetem a grupos sociais vulneráveis, seja lembrado todos os dias. Que as organizações não apenas estampem em suas redes sociais, mas que pratique no seu cotidiano ações positivas de promoção, respeito e inclusão. Que a sigla LGBTQIA+, tão necessária hoje, não seja esquecida, porém, que um dia possa fazer parte de uma história em que pessoas precisavam demarcar suas próprias posições dentro de um contexto marcado pelas construções sociais impositivas.
Enquanto este dia não chega, seguimos usando a nossa voz e nosso espaço de fala para bradarmos por um mundo de igualdade, tolerância e respeito. Viva a diversidade, viva a individualidade, viva os direitos, viva a vida de cada um dentro da sua intimidade.
Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís.Membro das Academias Ludovicense dela Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.