*Por Osmar Gomes dos Santos
Muito temos ouvido falar sobre o tema inteligência artificial nos últimos meses. Ao que tudo indica, uma tendência que veio para ficar e que o campo para avanço ainda é extenso, indo muito além de onde a imaginação alcançar.
Se considerarmos as mudanças tecnológicas assistidas nos últimos três anos, será possível ter uma dimensão de onde vamos chegar. O setor de tecnologia passou por uma aceleradíssima revolução durante a pandemia da Covid-19.
As grandes companhias mundiais, hoje, ou são de tecnologia ou tem suas operações baseadas nas modernas ferramentas tecnológicas. Nesse bojo, ganha força a tal inteligência artificial, na verdade um avançado mecanismo binário, mas com neurônios por trás do seu funcionamento.
Se trazida para a realidade, a revolução das máquinas tal qual vista na ficção hollywoodiana, encenada por Arnold Scharzenegger, não seria necessariamente um arranjo de informática agindo com “vida” própria.
Como costumo dizer, a tecnologia não existe por si, não é autossuficiente em si. Ela somente funciona com a intenção humana, ainda que tenha maior capacidade de processamento e informações, não se trata de uma “evolução”, mas de uma criação humana.
E a capacidade disruptiva e inventiva surpreende. Robôs, aplicativos, softwares que são capazes de fazer um sem número de coisas. De conectar dispositivos de uma casa inteligente a estabelecer conexões em escala mundial.
Sistemas são capazes de redigir textos, produzir dublagens, elaborar atos judiciais, monitorar multidões. Algoritmos acompanham nossas rotinas em tudo aquilo que somos conectados, o que acessamos, lugares que visitamos.
Em razão da automação, já são muitas as listas de empregos ameaçados de deixarem de existir nos próximos anos. Milhões de pessoas substituídas não necessariamente por máquinas, mas por programas criados para realizar o trabalho. Ganho de tempo e praticidade versus perda do valor humano.
Seria, de fato, a artificialidade agindo contra a humanidade? Que interesses, ou de quem, podem haver por trás dos acelerados processamentos de bites que interferem no comportamento humano cotidianamente? Tudo isso em favor de mera artificialidade?
Receio que não. Não quero ser simplório, mas vejo com certa desconfiança a essa tal artificialidade. Nada é por acaso e os questionamentos são necessários à reflexão.
Por óbvio, se bem utilizada, a tecnologia pode ser uma aliada da jornada humana. Mas, se explorada com outras intenções, sob o pano de fundo “artificial”, pode significar tempos sombrios. Seria o fim da odisseia terrestre, como diz a canção?
Juiz d e Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense dela Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.