Por Osmar Gomes dos Santos
Todo leitor sabe que escritores, especialmente os acadêmicos, volta e meia utilizam um pouco do lápis e papel que tem em mãos para rascunharem algumas palavras sobre sua terra natal.
Não à toa, dezenas de municípios maranhenses já viraram sujeitos de narrativas apaixonadas. E, assim, continua a ser, enquanto houver literatos que guardam o saudosismo de reverenciar seu pedaço de chão.
Por isso, algo sempre me remete àquele cantinho da Baixada Maranhense, chamado de Cajari. Cercado por lagos, abençoado pelo rio Maracú e cheio de riquezas naturais que proporcionam fartura durante todo o ano.
Esta, no entanto, é a primeira vez que falo de Cajari sem ela ao meu lado. Após 37 anos de convívio, apoio, superação, construção, amor, respeito. Daí porque a emoção ao falar de minha terra natal é dobrada.
Para muitos, Cajari é apenas mais um pequeno município situado na região dos grandes lagos maranhenses. Não está na rota daqueles que viajam em deslocamentos entre outras cidades ou mesmo estados.
Fica em um cantinho, a esquerda de quem segue para Viana, passando por Vitória do Mearim. Mas acanhada mesmo só a localização, visto que seu povo alegre e caloroso recebe de braços abertos aqueles de fora ou que regressam.
Da mesma forma, como ocorreu com Maria Felix, minha eterna companheira. Uma cidade que ela abraçou e que reciprocamente foi abraçada por ela.
Em outras oportunidades, já contei a história de Cajari. Da colonização ao crescente comércio; do valor de seu povo às dificuldades ainda enfrentadas; das minhas travessuras de infância pelas veredas de um horizonte infinito.
Mas, agora, Cajari, do alto de seus 74 anos que completarás no próximo dia 15, quero falar para ti com o olhar do futuro. Um futuro próspero e feliz, no qual sua gente não precise tomar rumos desconhecidos na esperança de uma vida melhor.
A esperança está em ti, hoje. A esperança que venceu o medo e vive em cada um cajariense, seja pelos laços de nascimento ou aqueles que só se constroem com o coração.
Um povo que recentemente teve provas de que é possível mudar, é possível sonhar e, acima de tudo, é possível realizar. Gente de hábitos simples, mas que carrega a sinceridade e o desejo por uma vida melhor.
A valorização dos servidores públicos, aliada à melhoria da infraestrutura – estradas, ruas, praças, escolas, hospitais – reforça o caminho para a consolidação da tão desejada mudança.
Um certo filósofo grego, de nome Aristóteles, um dia disse que a política tem como fim a felicidade humana. Hoje, ouso dizer que não se trata de uma utopia, bastando a combinação de vontades entre governante e governados, em torno de pautas construídas conjuntamente.
Vejo com esperança que, na Cajari de hoje, essa combinação parece ter saído do papel. O que nos faz crer em um município ainda melhor no futuro. Os feitos recém-deixados apontam para um caminho de realizações.
Ao revisitar minha terra natal, posso ver em cada rosto, em cada olhar a certeza de um povo que reencontrou seu caminho. Aprendeu a ser bem tratado, descobriu o valor da liberdade e que ousa esperançar mais e mais, a cada dia. Desde já, parabéns, minha Cajari.
*Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís.Membro das Academias Ludovicense drela Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.