*Por Osmar Gomes dos Santos
Às vezes, rascunho de forma atemporal para demarcar a posição de que o Dia da Mulher deve ser celebrado todos os dias, para além do importante e necessário 8 de março. Ontem, hoje, amanhã ou depois. Janeiro, março, agosto, outubro ou dezembro.
A indagação, um tanto quanto provocativa, do título tem o propósito de instigar a reflexão. E, sim, a resposta é óbvia: as mulheres podem e devem estar no comando.
Não pretendo, com isso, excluir o homem dessa posição, tampouco propor uma guerra dos sexos sobre quem deve ou não ocupar espaços de destaque ou poder. Esses espaços devem pertencer a todas e todos indistintamente, independentemente de serem “bonitas”, como sugeriu recentemente uma figura pública.
Mais importante do que as mulheres no comando de unidades ou organizações é a mulher estar no comando da própria vida. Isso certamente possibilitará que qualquer espaço desejado seja conquistado, e o fato de estar “lá” será consequência de uma caminhada contínua.
O empoderamento feminino só é possível com autonomia e independência. Mesmo em uma relação conjugal, os espaços individuais devem ser respeitados. Não deve haver donos, coleiras ou amarras que tentem sufocar os sonhos de uma mulher.
Tal qual o homem — dito sua imagem e semelhança, como corrobora o texto bíblico —, a mulher é plena em direitos e oportunidades. Nem mais, nem menos. Igual. Se bem que, se fosse um pouco mais, não haveria problema, considerando que passou décadas à sombra da cega ignorância masculina.
Entretanto, como disse no início, estes poucos rascunhos não têm a intenção de levantar posições antagônicas, mas sim de propor a harmonia de ideias a partir das vontades particulares. Isso se chama autodeterminação.
Temos papéis biológicos e fisiológicos distintos, isso é fato. Porém, as diferenças devem ficar por aí. O papel social da mulher é ser protagonista da própria vida, escolhendo seu caminho e jamais se limitando a papéis socialmente impostos, nessa separação dualista de gênero que deu a elas o comando da cozinha e aos homens o comando do mundo.
A mulher no papel exclusivo de dona de casa e cuidadora dos filhos já não cabe no mundo contemporâneo. Tais tarefas e responsabilidades devem ser compartilhadas igualmente pelo casal. Se possível, juntos. Nada mais enriquecedor para uma relação do que mãos que se ajudam mutuamente.
E se há homens que ainda pensam que suas mãos “caem” ao realizar tarefas domésticas, basta parar e olhar para suas mães, avós, bisavós.
Enquanto a história nos remete à luta por igualdade, o presente impõe desafios significativos, e o futuro permanece uma incógnita — a ser superada com as mulheres no comando de suas próprias histórias, sem qualquer interferência direta de nós, homens, a não ser pelo apoio que precisam, assim como sempre tivemos o delas.
O 8 de março é importante? Sim, por tudo que representa! E que seja replicado todos os dias do ano, enquanto a igualdade não for plenamente alcançada — e mesmo depois, para que jamais nos esqueçamos do mal histórico imposto a elas e da luta contínua pela equidade.
Mulher é sinônimo de AMOR, PROPÓSITO E SABEDORIA.
Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras, Maranhense de Letras Jurídicas, ALMA – Academia Literária do Maranhão e AMCAL – Academia Matinhense de Ciências, Artes e Letras.