*Por Osmar Gomes dos Santos
Na semana que passou o Maranhão ficou um pouco mais órfão, ao perder uma mente privilegiada em criação e um ser humano de fino trato com seus comuns e mesmo com aqueles ditos não conhecer.
Natural de São Raimundo das Mangabeiras, região sul maranhense, Antônio Carlos Lima teve uma trajetória marcada pelo sucesso desde tenra idade. Ainda na adolescência, a paixão pelas letras o levou a produzir o jornal O Pássaro, no município de Barra do Corda.
Já em São Luís, ingressou nas fileiras do curso de Comunicação da Universidade Federal do Maranhão, sendo um de seus egressos mais ilustres. Trilhou uma carreira sólida no campo do Jornalismo, mas também enveredou pelas letras, deixando sua marca em importantes obras. Foi um homem à frente do seu tempo, atuando com vanguarda em tudo que se propunha a fazer. Inovou na forma de contar as histórias cotidianas, quando foi coordenador de Jornalismo no jornal o Estado do Maranhão. Ensinamentos até hoje lembrados.
Dono de um texto primoroso, deu importante contribuição à literatura maranhense e brasileira, com alguns ensaios também no país vizinho, Chile. Sua trajetória lhe rendeu a merecida indicação e ocupação da cadeira de número 07 na Academia Maranhense de Letras. Atuou na administração pública, onde também imprimiu um estilo próprio de fazer comunicação nos governos Edson Lobão e Roseana Sarney, sendo secretário por três gestões.
Sua presença era respeitada em todos os veículos de comunicação da Ilha, muitos dos quais trabalhou.
Sua história, seu nome não somente foi, como seguirá sendo uma referência para a posteridade. Nome, inclusive, que ganhou um codinome deveras peculiar: Pipoca, como carinhosamente era chamado pelos amigos. Confesso, de fato, não saber o motivo para tal, mas ouso dizer que lhe caiu muito bem, diante de uma mente cheia de ideias que pipocavam e borbulhavam inquietas, levando-o a uma ativa produção.
Uma mente lúcida e equilibrada, ou como se manifestou a ex-governadora Roseana: privilegiada. Como membro da Academia Ludovicense de Letras, solidarizo-me com os familiares, amigos e, com o perdão da licença poética, com os confrades e confreiras da AML, nossa referência maior.
Antônio Carlos Lima segue imortal, para sempre entre nós. Esvaiu-se em matéria, para se eternizar em essência.
Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras