Homem ou mulher, professor ou professora, qualquer que seja, está sempre apto, pronto para ensinar, para compartilhar seus conhecimentos, para mostrar caminhos. O professor é acima de tudo aquele que aprende, que acumula e transmite o que acumulou ao longo de uma vida. Ser professor é transportar o seu aprendizado todos os dias aos seus alunos. Para que possa transmitir seus conhecimentos com a didática e a qualidade necessárias, precisa receber o aprimoramento, a capacitação e a valorização do órgão ao qual faz parte, seja no âmbito municipal, estadual ou federal. Tudo isso somado a um salário digno e plano de cargo e carreira decentes.
Utilizo este espaço, hoje, para homenagear o professor de muitas crianças, adolescentes e adultos, dos anos 1960. Homenageio José Ribamar Cardoso, conhecido como “Zé Fite”. Esse homem, de estatura mediana, franzino, de rosto arredondado, havia chegado do Rio de Janeiro cheio de idéias revolucionárias no campo social.
Seu “Zé Fite” passou a dar aulas particulares em sua própria residência, no povoado “Enseada Grande”- Cajari/MA. Uma casa humilde, coberta de palha, paredes de barro e chão batido como piso, porém, cujas palhas balançavam com o vento e com os pingos d”água da chuva, que mais pareciam transmitir palavras e ensinamentos além lugar.
O professor ensinava uns trinta alunos. Uns iniciando a carta do ABC; outros cursando a cartilha, como eu; vários distribuídos entre o primeiro, segundo, terceiro e quarto anos.
O mestre percorria cadeira por cadeira, ensinava e questionava cada aluno na sua respectiva matéria.
Todos eram arguídos, os mais adiantados eram questionados sobre história, geografia, matemática, português e ciências. Na hora da tabuada não tinha benevolência, os que erravam eram castigados com bolo na palma da mão com uma palmatória feita de madeira branca.
Quando o aluno que acertava dava um bolo fraco em quem errava, por ser parente ou amigo próximo, o professor se encarregava de corrigí-lo, ensinando a todos o dever do tratamento igualitário.
Na sala multiserial , não existiam computador nem internet. Merenda escolar fornecida pelo governo, nem pensar. Na hora do intervalo cada um corria até a sua casa e procurava comer umas piabinhas assadas ou fritas, com farinha d”água.
Naquela época, com todas as dificuldades, todos aprendiam com o nosso professor.
De tão humano, justo e competente foi eleito vereador de Cajari, pelo Partido Comunista, o que lhe rendeu a cassação do mandato e severas perseguições políticas.
Rendo todas as homenagens ao professor José Ribamar Cardoso – “Zé Fite”. A ele e a todos os professores do Brasil.
Saudades do meu professor.
Osmar Gomes dos Santos, Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.