*Por Osmar Gomes dos Santos
A Região Metropolitana de São Luís, especialmente aqueles municípios que fazem parte da Grande Ilha, já sofre há algum tempo com problemas relacionados à mobilidade urbana, ou à falta dela. A situação se agrava novamente em razão da paralização dos rodoviários.
Cada vez mais São Luís parece se aproximar de um colapso, em sua já precária rede de mobilidade. Os problemas são os mais diversos e a greve é apenas o reflexo de um sistema que precisa ser melhorado.
Recentemente, em pleno carnaval, houve aumento no valor das passagens. Em contrapartida, nenhuma melhoria no sistema foi efetivada.
Nas ruas e avenidas, dezenas de ônibus coletivos sem condições mínimas de rodagem. Sem falar nas sucessivas quebras, superlotação, quantidade insuficiente, atrasos e demora no translado.
No trânsito, nem precisa ser expert para verificar o excesso de semáforos, falta de passarelas, vias mal sinalizadas, buracos, falta de abrigos, terminais de integração em péssimas condições…
Aqui ou acolá São Luís é destaque no ranking de preferência de lugares que turistas desejam visitar. A proximidade com os Lençóis Maranhenses, seu conjunto arquitetônico, suas praias, a rica cultura, as festas de Carnaval e São João que atrai milhares de pessoas.
Uma cidade tão festejada e admirada merece um pouco mais de atenção. Não somente em razão dos turistas, mas também em respeito à dignidade daqueles que moram nesta terra. Acordar cedo, sair de casa antes do sol, se deslocar até o trabalho. E depois, no fim do dia, fazer o inverso.
Essa é rotina enfrentada por milhares de maranhenses que residem na Ilha de Upaon-Açu. São pais e mães de família que saem em busca do sustento, estudantes que lutam por um futuro melhor e que precisam do transporte urbano (no presente) para cumprir sua missão diária. Essa jornada não precisava ser tão sacrificante!
A precariedade da rede de mobilidade urbana não traz prejuízo apenas aos trabalhadores, mas para toda população, em suas diferentes áreas. Reflexos são sentidos na economia, na saúde, na educação, na qualidade de vida que vai escapando nas horas perdidas em engarrafamentos que poderiam ser evitados.
Tudo isso gera um trânsito cada vez mais inseguro e violento. Brigas desnecessárias e um número de acidentes que não para de crescer. Com esse triste índice cresce, também, a gravidade das ocorrências.
Soma-se a esses, muitos outros fatores no entorno de grandes vias. O alargamento de ruas e avenidas encontra barreiras na ocupação irregular do solo no seu entorno, gerando um grave problema para presente e futuro, além de tornar a própria via uma vizinha perigosa. Vide o caso da Via Expressa.
Naturalmente que qualquer gestor público sabe que muitos fatores contribuem para o bom desenvolvimento de uma cidade. Todavia, não se pode relegar a atenção com a rede de mobilidade. E falo em rede porque não se trata apenas do sistema de transporte, uma vez que uma rede diz respeito a uma série de situações que interferem na mobilidade urbana como fator de promoção do consagrado direito de ir e vir, da liberdade de locomoção. Mais do que isso, um setor do qual tantos outros dependem para funcionar, inclusive o próprio poder público.
É preciso pensar um plano de mobilidade, envolvendo todos os atores interessados, dos quatro municípios. Trata-se de uma pauta não apenas necessária, mas sobretudo urgente, sob pena de condenarmos a nossa população, o nosso potencial turístico e o progresso da Grande Ilha.
*Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís.Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.