*Por Osmar Gomes dos Santos
Gabriel, Júlio, Ricardo, Petrúcio, Ana, Carol, Fernanda, Claudiney, Elizabeth, Yeltsin, Jerusa, Talisson, Alana, Rayane, Arthur, Mariana, Willians, Rebeca, Fernando, Tayana. Phelipe, Wendell, Thalita, Alexandre, Renan, Débora, Aser, Raissa, Rayane, Joeferson, Bartolomeu, Patrícia, Matheus, Douglas, Lucilene, Wanna, Cecília, Brenda, Gabriel, Zileide, Thiago, Ricardo, Luis, Erika, Igor, Yeltsin, Joyce, Cátia, Patrícia, Daniel, Silvana.
Giovanna, Luiz, Cláudio, Bruna, Danielle, Maria, Cícero, Lídia, Arthur Xavier, Beatriz, André, Beatriz, Vinícius, Vitor, Mariana, Mayara, Mateus, Lorena, Lara, Verônica, Ariosvaldo, Rosicleide, Keyla, Maria, Miqueias, Christian, Paulo, Marcelo, Thomaz, André, Emerson, Josemárcio, Leomon, Paulo, Romário, Ricardinho, Jefinho, Luan, Matheus, Tiago, Cássio, Jardiel, Nonato, Jonatan e Maicon.
Os dois parágrafos acima podem soar estranhos aos ouvidos da maioria absoluta dos brasileiros e realmente soam. Alguns podem se perguntar qual o sentido e o porquê iniciar dessa forma minha proposta reflexiva, neste espaço que busco propor o debate saudável sobre questões sociais.
Cada um desses nomes acima tem em comum o orgulho de ter pendurado uma medalha olímpica no peito, pela oportunidade de representar as cores verde e amarela nos jogos paralímpicos de Paris.
O fato de você, que faz essa leitura agora, não saber os nomes não é necessariamente culpa sua, mas de um sistema que invisibiliza pessoas com deficiência em nosso país. O Brasil tem milhões de pessoas com deficiências, das mais diversas,no entanto, ainda somos uma sociedade que segrega; pouco promove a inclusão e, tampouco, participa.
Um pouco antes, tivemos em cadeia nacional a transmissão, ao vivo, da abertura dos jogos olímpicos daqueles ditos “sem deficiência”, que seguiu com horas e horas de cobertura igualmente ao vivo das mais diversas modalidades. O Brasil acompanhou, vibrou, torceu, sorriu e chorou.
Sentimentos esses possíveis de serem vividos quando se tem a oportunidade de conhecer as histórias e poder participar, ainda que pelas telas, dos momentos marcantes dos atletas.Mas por que não demos a mesma importância aos jogos paralímpicos?
Um verdadeiro batalhão de representantes que se esforçou, doou tudo que podia, deixou o “sangue” em solo francês e foi responsável pelo melhor resultado na história dos jogos paralímpicos. Alcançamos o inédito quinto lugar, com destaque para os 25 ouros e 89 medalhas no total.
Deficiência? Um resultado que nos faz refletir muito sobre deficiência, especialmente por não termos dado a mesma importância e visibilidades para os ditos “normais”.
Não pretendo, naturalmente, levantar conflito ou paralelo entre atletas olímpicos e paralímpicos, mas trazer para reflexão nossa e de todo um sistema que muito mais do que informar uma conquista durante breves segundos em meio ao noticiário, é preciso promover a igualdade.
Igualdade esta que muito se apregoa quando conveniente, muitas vezes para se ganhar a simpatia a partir do politicamente correto; todavia, está na hora de reverter essa lógica.
Para termos uma sociedade justa e igualitária, precisa, antes de tudo, superar suas próprias deficiências que trazem marcas profundas e difíceis de superar. Igualdade não deve ser mera retórica, mas palavra que remete à ação, à mudança de atitude capaz de transformar o comportamento de uma nação.
*Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.