*Por Osmar Gomes dos Santos
Estamos vivenciando o início de mais uma corrida eleitoral, nesta oportunidade para a esfera municipal. Centenas de candidatos começam suas movimentações, partindo das convenções, articulando alianças e planejando suas campanhas.
Um trabalho que ao cabo busca a glória da eleição, mas, acima de tudo, a largada de uma jornada que exige o compromisso e o dever de bem representar o povo. Por falar em povo, cabe a este, na singularidade de cada cidadão, estar atento para escolher os melhores candidatos.
Essa escolha passa pela análise dos nomes, das propostas, da capacidade de realização de cada candidata e candidato. Sejam eles postulantes à reeleição ou aqueles que buscam encarar a primeira legislatura, após vitória no sufrágio.
Não há escolha fácil e a democracia representativa se faz com sacrifícios, daqueles que disputam o pleito eleitoral e daqueles que têm a responsabilidade de definir o futuro da sua cidade. Não basta comparecer às urnas no primeiro domingo de outubro. Participar é muito mais do que cumprir o ritual a cada dois anos. O exercício livre do debate nos ciclos sociais, seja com amigos, familiares ou vizinhos, constitui a base de uma sociedade democrática.
Daí porque não dá para passar ao largo de todo movimento que agora se inicia. Não estou aqui a incitar ninguém a empunhar bandeiras ou defender candidatos. O debate do qual falo decai sobre os problemas sociais e as soluções que precisam ser encontradas. E são muitos.
O quadro social apresenta desafios inúmeros, que aguardam nossos representantes, mas que dizem respeito a cada um de nós. Daí a importância do debate travado em todos os níveis da sociedade.
Sem rivalizar, precisamos resgatar aquela conversa na fila do mercado, na espera do banco, na porta do bar, no bate-papo com os amigos. O resultado desse embate social é a verdadeira essência da cidadania participativa.
Discutir nossa mobilidade, as melhorias da saúde e a qualidade da educação. Relembrar os tempos que podíamos sentar em nossas calçadas, prática tomada de nós pela violência crescente. Debater o esporte e o lazer.
Não se pode ser feliz – que deve ser, segundo Aristóteles, o resultado da política – com a geladeira e a dispensa vazias, razão pela qual precisamos discutir a geração de emprego e renda.
Fica o alerta para com as sorrateiras fake news, sempre com suas arapucas a nos arrebatar com falsas opiniões. Portanto, nunca é demais lembrar, visto que este é um elemento nada bem-vindo no processo eleitoral.
Decerto que nossa política precisa melhorar, ser aprimorada, o que somente acontecerá com a efetiva participação. Somos seres políticos, portanto sociais, e não temos como fugir desse desiderato.
Renegar a política, seja sob qualquer pretexto, é quase como abrir mão da própria cidadania, participativa como deve ser. Não podemos passar pela vida relegando a terceiros os nossos destinos. Dessa forma, usemos de forma sábia nossas inteligências e, com a ponta dos dedos, assinaremos a cidade, o estado e o Brasil que queremos.
Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.