*Por Osmar Gomes dos Santos
É de conhecimento notório de quem esteve por alguns meses em bancos escolares, cumprindo os currículos de história e geografia, que o mundo possui áreas de tensões, algumas mais recentes, enquanto outras se arrastam há décadas, como a guerra entre as Coreias.Temos conflitos seculares, que separam povos no Oriente Médio, seja por questões religiosas ou fatores políticos e ideológicos. O mesmo pode ser citado em algumas áreas do continente africano.
Em meio às guerras armadas, estão as guerras de cifras, derivadas das relações econômicas. Ao longo dos anos as empresas foram se tornando conglomerados globalizados, com filiais espalhadas mundo afora, devido a questões como disponibilidade de matéria prima ou redução de custos com mão de obra.
Desse mercado global, derivam as relações entre países, que precisam transacionar um com os outros, ponto para o qual são definidas as tarifas de importação e exportação de produtos comercializados.
Há pouco tempo, tais relações estavam equilibradas, com tarifas pactuadas entre os mercados nacionais. Cada qual estabelecia suas alíquotas, considerando a relação comercial com cada país. Isso era aceito pelas partes e, em tese, ambos ganhando.
O ponto fora da curva – que fez acender uma série de tensões – chama-se Donald Trump, que desde o início de abril vem travando batalhas com diversas nações, ao estabelecer alíquotas distintas para cada país. Embora o Brasil seja impactado, os efeitos mais imediatos podem ser vistos por China e a União Europeia, que possuem relações comerciais mais intensas com os norte-americanos. Nem mesmo empresas estadunidenses ficaram de fora da calculadora de Trump.
A título de exemplo, os celulares Iphones, construídos na Índia pela norte-americana Apple, estão ameaçados. Isso porque os produtos da companhia precisam entrar nos Estados Unidos como importação, sobre a qual o governo Trump pretende impor uma alíquota de 25%.
O caso da Apple é o mais novo capítulo da novela que se arrasta desde o início de abril. O anúncio derrubou as ações da companhia, que veem o risco da tarifa impactar no valor do produto e, consequentemente, na redução das vendas dentro da “terra da maçã”.
Outra sugestão do presidente foi de que a tarifa a ser paga por países da União Europeia deveria ser elevada a 50%. Novamente causou um mal-estar no mercado financeiro e nas relações comerciais, derrubando as bolsas dos países europeus.
Se o presidente americano está certo ou errado, não é bem a questão central. No entanto, certamente se mostra sem rumos na condução de uma importante pauta, o que tem refletido negativamente na estabilização necessária nos negócios transacionados.
Destaca-se que esse equilíbrio é essencial, pois determina índices, preços de produtos em cada praça, volume de negócios, geração ou fechamento de postos de trabalho.
Embora não faça qualquer julgamento direto à postura de Trump, interessante assinalar que o caminho mais adequado, para evitar estardalhaço, seria sentar à mesa de negociação com cada país, separadamente e rediscutir os termos.
Dentre as mais diversas atitudes de Trump, também estão normas relativas às universidades, com destaque para a prestigiada Harvard, que foi informada sobre a suspensão do aceite de alunos estrangeiros.
Somadas, atitudes como essas vem causando certo desequilíbrio global, ficando notório o excesso de protecionismo e deixando todos em alerta mundo afora no que diz respeito à segurança nas relações com os Estados Unidos.
Importante que se diga, há caminhos diplomáticos para todas as questões hoje tratadas por medidas unilaterais. O mundo já possui muitos polos de tensão, não precisamos de novos embates que só tendem a promover hostilidade, gerar atritos e desencadear conflitos.
Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras, Maranhense de Letras Jurídicas, ALMA – Academia Literária do Maranhão e AMCAL – Academia Matinhense de Ciências, Artes e Letras.