Por Osmar Gomes dos Santos
Ao percorrer as ruas do bairro São Francisco, em meio à rotina agitada e às marcas do tempo que moldam suas construções e histórias, um nome se destaca não apenas na fachada da escola que o homenageia, mas também na memória e no coração daqueles que reconhecem o verdadeiro significado da dedicação ao próximo: Monsenhor Frederico Chaves.
Mais do que um nome gravado em uma placa ou uma lembrança estática do passado, Frederico Chaves foi um exemplo vivo de amor e serviço ao próximo. Sua trajetória reflete um compromisso inabalável com a educação e a transformação social, alinhando-se aos mais nobres propósitos pedagógicos e humanitários.
Embora natural de Parnaíba, no Piauí, passou grande parte de sua vida em missão por diversos estados, permanecendo por longo período na capital maranhense durante essa peregrinação.Em sua jornada, transcendeu os limites do sacerdócio e fez da educação e da ação social suas principais missões. A escola que leva seu nome, situada em uma região carente, simboliza a essência de sua obra, que, ainda hoje, representa uma referência de oportunidades e aprendizado para aqueles que mais necessitam.
Com uma notável atuação na esfera religiosa, à qual dedicou a maior parte de sua vida, Frederico Chaves exerceu diversas funções, sempre com forte inclinação para as ações sociais. Foi assim que assumiu a direção do Departamento da Ação Social Arquidiocesana, cargo que lhe permitiu expandir ainda mais seu compromisso com os menos favorecidos.
O título de Monsenhor Vigário Geral, que hoje acompanha seu nome, foi concedido em 1935 pelo também educador Felipe Conduru, quando Frederico retornou à sua cidade natal.
Além da atuação religiosa, teve um papel fundamental na educação, voltando-se especialmente para pessoas em situação de vulnerabilidade. Em Caxias-MA, por exemplo, onde permaneceu por apenas dois anos, deixou uma marca indelével na comunidade.
Excelente professor, era um educador nato, comprometido com a causa do próximo no mais genuíno espírito cristão de servidão.
Sua trajetória foi marcada pelo compromisso com os menos favorecidos, indo além dos importantes ritos litúrgicos e se concretizando em iniciativas voltadas ao bem-estar social.
Da direção do Departamento da Ação Social Arquidiocesana à criação do Centro Guaxenduba, que oferecia alimentação a mais de 200 jovens em situação de vulnerabilidade, Frederico Chaves soube traduzir sua fé em gestos concretos de solidariedade.
Foi um ato de generosidade audacioso para a realidade de uma São Luís que, à época, possuía uma população reduzida, em grande parte concentrada no que hoje chamamos de Cidade Velha.
Se há algo que sua história nos ensina, é que a grandeza de uma vida não se mede pelo tempo que se permanece na Terra, mas pelo impacto que se deixa nas vidas alheias. Frederico partiu aos 53 anos, vítima de um infarto. No entanto, sua passagem foi intensa, repleta de significado e entrega. Seu nome não se apagou com o tempo; ao contrário, permanece vivo naqueles que foram tocados por sua generosidade e no legado que perpetuou.
Hoje, ao lembrarmos de Frederico Chaves, somos convidados a refletir sobre o que realmente importa.
Não é a duração de nossos dias que define nossa existência, mas sim a maneira como escolhemos vivê-los e para quem escolhemos vivê-los. Que sua história inspire novas gerações a fazerem do mundo um lugar mais justo, humano e acolhedor.
Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras, Maranhense de Letras Jurídicas, ALMA – Academia Literária do Maranhão – e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.