Saudosa Penalva, situada às margens do Lago Cajari, limitando-se aos municípios de Pedro do Rosário, Viana, Cajari e Monção, chegando a flertar com Zé Doca em sua extremidade a oeste. Está encrustada no coração da Baixada Maranhense, na região onde predominam os grandes lagos, que marcam sua geografia.
Sua ligação umbilical com Cajari, minha terra natal, faz meu coração transbordar de emoção e meus olhos altivos te avistar com ternura e reverência, mesmo cá, do outro lado. Exemplo dessa ligação é a própria origem do município cajariense, de onde mais tarde tomou-lhe o bairro Trizidela, devido a localização mais próxima à cidade de Penalva.
Terra de um povo aguerrido, tal como os índios guerreiros de suas primeiras habitações. Hoje, seus mais de 38 mil penalvenses que, apesar da pandemia da Covid-19 e das medidas de isolamento, merecem comemorar, ainda que no mais íntimo dos sentimentos, os seus 105 anos de emancipação política.
Surgiu das incursões evangelizadoras da Companhia de Jesus, bem como pela daqueles motivados pela ambição em busca de riquezas no mundo desconhecido, tal como ocorrera com tantos outros municípios Brasil a dentro.
Deram à localidade inicialmente o nome de São Brás, transferindo-se posteriormente para região próxima, que passou a ser denominada São José de Penalva, que deu nome ao Município.
Cantada em seu hino como terra querida, monumento natural do Maranhão, és de reconhecer sua natureza peculiar. Capital dos lagos, tendo o Formoso como o mais belo e místico, onde se encontra uma grande ilha flutuante, a ilha do Formoso, que se movimenta durante o período chuvoso.
Se um causa certo desassossego, quase sobrenatural, devido às movimentações desavisadas de suas ilhas, outro lago, o Cajari, é berço de vida esplendida, com sua barragem que armazena água que abastece a cidade na estiagem.
Seus campos alagados transbordam de vida na cheia, com enorme variedade de peixes e aves que fazem deste o seu habitat. Mesmo em tempos de estiagem, abrocha para o renascimento, fazendo do ciclo da vida um fenômeno Divino, inigualável.
A natureza peculiar a eleva a uma categoria de terra de bioma único, com imensurável contribuição ao planeta. Ocupa grande porção geográfica do chamado pantanal maranhense, uma região transformada em Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense, ainda no início da década de 1990.
Considerando os primeiros assentamentos, ainda no século XVIII, é uma das cidades mais antigas do Maranhão. Sua posição estratégica possibilitou o crescimento de sua economia, fazendo-a o segundo principal centro de comércio e serviços da Região dos Lagos.
Dos primeiros colonizadores, que romperam gerações das famílias Marques e Sá, mas também as não menos importantes Silva, Diniz, Amorim, que tiveram suas origens também na colonização portuguesa.
Preserva, mesmo em tempos modernos, suas lendas, a exemplo da pena alva que dera origem ao seu nome; bem como guarda as tradições, com grande influencia religiosa, mas sempre num misto de pluralidade que é marca do seu povo. São exemplos dessas manifestações o Carnaval, São João, além de outros festejos.
Que tua história continue sendo contada por esta e por tantas outras gerações que ainda virão. Que sua economia trafegue na rota do desenvolvimento, sendo sinônimo de crescimento a toda sua gente. Parabéns, Penalva!
Osmar Gomes dos Santos, Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras