*Por Osmar Gomes dos Santos
Adentramos o mês de setembro já de olho no fim do ano, que parece já dar sinais de sua chegada. Mas não podemos passar por este mês sem novamente tocar em um ponto tão importante, cuja reflexão temática se volta para a valorização da vida, vida esta que muitos já não as têm ou que pensam ou já pensaram em pôr fim. Assunto delicado, eu sei. Mas me atrevo e me arisco, como ser humano, pelos entremeios sutis que marcam o debate nessa seara.
Primeiramente, precisamos de empatia. Essa é uma atitude afetuosa que devemos ter indistintamente com qualquer pessoa, mas, sobretudo, com aquelas que precisam de um ombro amigo para vencer um mal silencioso. Vazio que pode vir após traumas, perdas ou mesmo a falta de sentido na vida por quaisquer razões, às vezes inexplicáveis. Fato é que nenhum desses fatores deveriam justificar qualquer atitude fatalista, que culminasse com o eterno silêncio.
Engana-se quem tenta justificar pela via da falta de bens ou recursos para uma vida melhor. Em toda minha história não conheço uma pessoa que recorreu a esse meio trágico de acabar com um problema em razão de sua pobreza financeira.
O Japão figurou por muito tempo à frente de outros países no índice de suicídio e a escassez de bens não era a justificativa. Além disso, a ocorrência se dava entre pessoas de alto poder aquisitivo, das quais dizemos: tinham tudo.
Contrariamente, a roça ou o gueto, lugares onde tenho minhas raízes, a escassez não é estopim que leva ao fim trágico. Ou seja, não há relação entre riqueza ou pobreza, pelo menos não a financeira. Fato é que todos enfrentamos altos e baixos, alguns são mais fortes, outros mais susceptíveis, mas com algo em comum: são todos humanos.
Imersos em um submundo inconsciente, a linha entre o “aqui e agora” e o além é tênue e deveras difícil de ser compreendida, mesmo com todo avanço da medicina. Destaque para os importantes profissionais que se dedicam a essa compreensão.
Decerto que passaremos altos e baixos nessa jornada. Por experiência trago comigo lembranças que gostaria não fizessem parte de mim, mas este sou eu. E quem não as tem? Não conheço alguém que apenas colecionou flores ao longo do caminho, mesmo porque elas murcham.
A vida tem momentos bons, alegres, felizes. Mas também de desventuras, perdas, dores, sofrimentos. Por isso, em um mundo de “curtidas”, com relações tão frágeis, é preciso fortalecer laços. Não importa quais sejam: Amizade, amoroso, profissional, familiar. Amar e deixar ser amada ou amado.
Quantas não foram as vezes que me senti sem rumo, quando apenas me sentia cheio de um vazio imenso. Sucessão de acontecimentos que ao mesmo tempo nos trazem coisas boas, deixam outras nem tanto, e vice-versa.
Certa vez chorei como filho, outra sorri como pai. Sofri como marido, alegrei-me como avô. Tudo em apenas um ser, humano, cheio de conflitos e interrogações sobre o que é a vida. Mas de cabeça erguida e olhar adiante.
Estamos neste mundo para irmos além do nosso pequeno quadrado. Precisamos nos permitir e, às vezes, não é possível sozinho, mas irmanados é possível superar adversidades.
Organizações precisam cuidar das pessoas, para que ao final não sejam apenas mais uma matrícula, um registro trabalhista. Pessoas precisam se importar e cuidar de pessoas.
Que setembro possa ser para além de um mês “amarelo”, mas um mês de empatia, de olhar para o próximo, de se preocupar com o outro, de estender a mão a quem precisa. Por mim, pelo outro, pela vida.
Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.