O ano se inicia e com ele velhos e novos desafios. No âmbito pessoal, o desejo de empreender, voltar a estudar, buscar emprego novo, começar aquela tão prometida dieta. Essas e outras metas são estabelecidas por muitos de nós para um novo ciclo anual.
No cenário macro, da porta de nossa casa para fora, os acontecimentos e incertezas continuam seguindo uma dinâmica complexa e frenética. Síndromes gripais, medidas restritivas, impactos na vida de milhões de pessoas, desastres naturais, jogo político.
Infelizmente algumas coisas parecem não mudar, a exemplo da violência contra a mulher, que continua construindo enredos trágicos em pleno período festivo entre familiares e amigos. Essa covardia precisa ter um fim.
As chuvas não dão trégua. Depois da Bahia e algumas regiões de Rio de Janeiro e São Paulo, a chuva chegou forte em outros estados. Neste momento, Maranhão e Tocantins sofrem com cheias históricas, deixando milhares de desabrigados e desalojados.
A economia patina com a recessão técnica e pelo 6º mês consecutivo a indústria apresenta desaceleração e queda na produção. O mesmo é visto em outros setores, muitos dos quais ainda vivem com o saldo negativo trazido pela pandemia. Cresce o desemprego e aumenta a informalidade.
O empreendedorismo informal cresce, seguindo a criatividade do brasileiro para garantir o pão de cada dia. Mas este caminho é perigoso, uma vez que a economia precisa de estruturas sólidas para sustentar toda a cadeia de produção e consumo.
Com o desemprego em alta, a renda despencando e a inflação subindo, para quem nossos empreendedores irão vender seus produtos e serviços? Se tudo seguir como está, chegaremos ao momento do gargalo, que estagnará a economia e o país poderá entrar em séria recessão.
Na saúde, a Covid-19 ganha força com a influenza e Âmparo (SP) é a primeira cidade a decretar fechamento de estabelecimentos comerciais para conter o avanço do vírus. Abro parênteses para dar um “puxão de orelha” em muitos que se aglomeraram nas festividades de fim de ano e também nos desfiles dos primeiros gritos de Carnaval.
Muitos daqueles que outrora, sem máscaras, pulavam, brincavam e se aglomeravam nos blocos, agora lotam hospitais Brasil afora. Ricos e pobres, ninguém está salvo. Unidades de saúde pública e privada estão abarrotadas de pessoas buscando atendimento.
Não aprendemos com o ponto mais alto da pandemia. Parece que as milhares de vidas não foram suficientes para grande parte da população entender que não estamos passando uma mera onda de “resfriadinho” sazonal, como ocorria anos atrás.
Aliada à Influenza e suas variantes, a Covid-19 persiste, como já era de se esperar, afinal, o vírus também busca sua sobrevivência. O que não podemos, diante de uma guerra pela vida, é entrarmos em estado de letargia após aparentemente vencida a primeira batalha.
Como se a situação já não fosse grave, o Brasil completa 6 meses sem “chefia” no Programa Nacional de Imunização, desde a saída de Franciele Fontana. Diante do avanço da Ômicron, que já causou a primeira morte no país, o Ministério da Saúde dá sinais de que está literalmente sentado, esperando o caos, para agir sobre ele.
Ainda falando de saúde, outra discussão aquecida para o momento é a vacina para crianças. No Brasil, ainda não se teve início e estamos na contramão de grande parte do mundo. O risco de enfrentarmos mais uma “avalanche” do SARS-CoV-2 é iminente.
O bom senso ainda encontra espaço, apesar de tudo. Alguns gestores já suspenderam as festividades momescas, embora alguns insensatos ainda falem da possibilidade de realização. Meu desejo particular é que o bom Momo sossegue um pouco mais em seu reino “Tão Tão Distante”, ainda não é hora de folia.
Já falando sobre eleição, a corrida já começou. Pré-candidatos já debatem assuntos da ordem do dia, preparando terreno para as eleições de outubro, que definirá os rumos dos estados e da nação.
Bom que se diga, que muito além de discursos vazios e oportunistas, os entes federados precisam de projetos sólidos para o progresso. Fiquemos atentos, portanto, a oportunistas e salvadores da pátria que emergem em momentos difíceis de nossa história.
No futebol, as mulheres parecem enfim ganhar alguma visibilidade com as competições nacionais e sul-americanas recentes. Interessante que assim continuasse, já que a chuteira não foi feita apenas para os homens.
É ano de copa do mundo, com a Canarinho na luta para levantar mais um troféu, desta vez no Catar. Bem diferente das demais edições, por razões climáticas, a Copa do Mundo de Futebol Masculino vai ser realizada em novembro e dezembro. Já a Copinha, em São Paulo, está a todo vapor e já revela muitas promessas.
Diante do ritmo acelerado lá de fora, devemos nos reorganizar por dentro e partir para a vida, pois ela segue. Não podemos desanimar e o ano, apesar dos obstáculos, ao seu final, retribuirá aos que nunca desistiram de lutar pelo seu país.
Osmar Gomes dos Santos. Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.