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Osmar Gomes
Home IV - Poesia 3- Crônica

O VENDEDOR DE MARRECAS

Osmar Gomes Por Osmar Gomes
01/04/2022

Por Osmar Gomes

Personagem: Leocádio

O Leocádio morava de aluguel, casa humilde, quintal amplo e murado, daqueles para separar qualquer convívio e afastar o olhar alheio. Condições que asseguravam a criação de vinte duas marrecas, algo costumeiro no interior.

A vida no campo, na roça, no interior não é fácil e tem seus altos e baixos. Como nem tudo são flores, surge o aperreio e a necessidade de vender algumas marrecas.

Seu Leocádio era daquele que nunca foi ao campo pegar uma marreca, jamais pisou na lama e nunca conheceu campo alagado. Não compreende as intempéries que levam à cheia ou à seca.

Simplesmente comprou tais marrecas de duas pessoas e as vendeu na cidade de Viana. Ficou com dois casais. Estava em casa, em dia de sexta-feira, quando toca o telefone, em um suspense maior que o big fone de um programa de TV.

– Seu Leocádio, é o senhor?

– Sim!

– Olhe, Seu Leocádio, um amigo seu disse que o senhor vende marrecas e eu tenho um sítio em São Luís e crio vários pássaros só não tenho é marreca.

– Só tenho 2 casais, disse Leocádio !

– Quanto é?

– Comprei a 7,00 reais o casal.

– Eu lhe pago 35,00 reais no casal.

Leocádio saiu imediatamente atrás de comprar marreca para revender, por entender que seria um bom negócio, porém não encontrou.

No dia seguinte novamente o telefone toca insistentemente na tentativa de falar com seu Leocádio. Nenhuma resposta. Nenhuma notícia da encomenda a ser bem remunerada.

No outro dia, uma segunda-feira, o telefone toca novamente. Num rápido diálogo logo responde de forma desanimadora: Tenho não senhor.

Leocádio estava em Viana, um amigo que presenciou o telefonema e disse que tinha um casal para vender. Rapidamente o telefonema volta para o interessado.

– Amigo, consegui as marrecas.

Conversa acertada, quantidade e condições de pagamento negociadas, marcam encontro para a entrega do combinado. Marcaram de se encontrar em Viana, na praça da Matriz.

Ao chegar ao local combinado, para surpresa, seu Leocádio avista um pessoa em sua direção, vestido com a farda do Ibama.

O senhor está preso! Disse o agente investido em seu poder de polícia. Marreca é considerado animal silvestre e em extinção e sua comercialização indiscriminada é proibida, configurando tráfico.

O agente pegou seu Leocádio pelo pescoço e o colocou na viatura. A considerar seu trabalho na Prefeitura e estar sem qualquer documento de identificação, foi levado para a sede do Executivo municipal.

Lá, foi tirado da viatura e adentraram ao prédio. Conversa inicial estabelecida com a secretaria do Gabinete, solicitando algum documento de Leocádio para lavrar o auto de infração.

A funcionária da repartição disse que só com autorização do secretário de Administração. Eis que chega aquele tão esperado funcionário publico e entrega os documentos.

Estava devidamente autuado o homem, que logo foi levado ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais para proceder a lavratura. Lá, a história mudou. Em conversa mais decente, seu Leocádio se convence a assinar o auto.

Todo esse imbróglio resultou num processo judicial, atualmente já em fase de execução. O lucro, que seria de R$ 28,00reais por casal de marrecos, se transformou em um considerável prejuízo de R$ 4.000,00( quatro mil reais).

Com documento de execução em mãos, o oficial de Justiça diligenciou para proceder a intimação e penhora do débito em cartório. Encontrou na casa a esposa de dito cujo, a quem explicou o ato da Justiça que o levara ali.

Espantada e surpresa, a esposa de Leocádio replicou ao servidor do Judiciário nada entender e perguntou:

– O que é penhora? Exclamou em tom efusivo. O oficial explicou direitinho e a esposa de Leocádio em um tom tragicômico disse que as únicas coisas que poderia levar dali eram somente a mãe, de Leocádio, ou os filhos, porque até a calça e a cueca era dada por ela, a esposa.

No fim das contas, Seu Leocádio ficou sem o lucro fácil dos marrecos e ainda teve sua honra abalada com a exposição, que se tornou pública, da origem das suas roupas de baixo.

 

*Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.

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