*Por Osmar Gomes dos Santos
Há quem diga que o poder corrompe o caráter, fazendo com que aquele quem o detém mude completamente sua conduta em razão deste valor subjetivo que criamos. Muito é dito que o poder pode “subir à cabeça”, fazendo amigos virarem as costas a outros amigos e até à própria família.
Visões de mundo diferentes levam a concepções diferentes. Dessa forma, olhando para minha trajetória, da minha família e de muitos amigos que ascenderam na vida, mas nunca mudaram seu jeito simples, prefiro tomar como regra aquela de que o poder a ninguém muda, apenas revela aquilo que estava oculto em cada um.
Quando se tem e se utiliza o poder para o bem, ele pode servir como um instrumento para transformar a realidade à volta de quem o detém. Quando este, no entanto, usurpa da capacidade que tem o poder para proveito próprio, está fadado ao declínio.
É assim no mundo dos negócios, na vida e na política. Quando o poder é conquistado com dedicação e afinco, fruto de um árduo trabalho, passa ele a ser merecido e consequentemente bem utilizado. Porém há os que tenham galgados os degraus da glória sem qualquer esforço, apenas se aproveitando do oportunismo para tomar uma carona galopante rumo à glorificação. Mal sabem que a mesmo velocidade com que sobe pode também ruir. A soberba precede a queda.
O poder pelo poder não edifica, não dignifica. Ademais, o que é o poder se não algo subjetivo criado por nós humanos para remeter a uma situação de investidura por circunstâncias diversas?
Situações as quais, diga-se, muitas delas em que uma pessoa é alçada a ela, por confiança, mas que ao chegar ao posto não dignifica a credibilidade recebida. Mesmo aqueles que tenham, por si só, alcançado tal posto, não pode simplesmente usurpar das prerrogativas da posição, notadamente daquelas cujo posto é de representação.
No caso da política, essas prerrogativas se vinculam muito menos a questões de mérito pessoal, aferindo ao poder uma condição de agir em prol da coletividade. É a capacidade de soberania, de determinar, de exercer a autoridade para gerir a coisa pública com altivez, sem olvidar da observância aos princípios da Administração Pública.
Há aqueles, no entanto, que precisam descer do pedestal da vaidade e ter a humildade de reconhecer quem lhe proporcionou as bases para ascensão, ainda que esta tenha sido por força do acaso.
Lembrei-me de um ditado que diz “jabuti não sobe em árvore; ou foi enchente, ou foi mão de gente”. Apesar das volumosas chuvas que sazonalmente inundam a nossa querida Baixada Maranhense, não penso que fora as águas as responsáveis por fazer encalhar sobre os galhos “tal espécie.”
Mesmo para Maquiavel, cuja história não fora bem contada, o poder não se traduz naquilo que deve ser alcançado a todo custo. Embora tenha retratado a sociedade tal como era, ele ressaltava que o poder emana do povo e que o soberano precisa estar em consonância com a vontade popular.
Poder não existe em si, assim como o Estado, mas tão somente para servir. Portanto, desçam dos galhos os jabutis e deixem o poder seguir pelas mãos daqueles que seu uso fazem para promover o bem sem ver a quem.
*Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís.Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.
Acredito que o carater,ainda e melhor arma que possamos usar diante de tanta desonestidade que vivemos dia dia ,mas temos ser verdadeiro e leal com quem foi e sera conosco,e sempre praticar bem as pessoas