*Por Osmar Gomes dos Santos
Fechando o mês em alusão ao combate à violência contra a mulher, fiz também algumas reflexões importantes a respeito das conquistas das mulheres nos espaços de poder e decisão.
Aproveito, portanto, para falar do empoderamento feminino, a exemplo da minha amiga Sônia Amaral, que recentemente tornou-se imortal, tomando posse na Academia Ludovicense de Letras- ALL.
Tive a grata satisfação em recepcioná-la e proferir o discurso que a acolheu em nossa Confraria. Ao passo que rememorava seus feitos e me debruçava sobre algumas curiosidades, veio-me a inquietação de mais uma vez tocar neste assunto.
Afinal, qual o lugar da mulher na sociedade? Decerto, é onde ela quiser. Tomo emprestado uma expressão que já virou chavão de que “em pleno século XXI não parece mais cabível estabelecer diferença de postos e lugares entre gêneros”. Assim, esse pensamento tornou-se clichê, demodê e retrógado. A mulher, definitivamente, deve estar onde ela quiser. Ponto!
Estudar, trabalhar, fazer suas próprias escolhas sem medo ou receio de limites impostos por uma sociedade fechada. Talvez seja essa sociedade que ainda não está preparada para ver o mundo lá fora, para além dos seus muros.
Rememorando a história de minha amiga e agora confreira Sônia constato que são muitos os desafios a serem superados pelas mulheres, mesmo com toda importância no seio social, ainda precisam enfrentar inimigos, muitos dos quais se escondem sob o mesmo teto.
É admirável olhar para a trajetória de uma amiga e observar o quanto ela superou desafios, muitos dos quais com bastante sucesso. Não apenas porque passou em concurso para ser Juíza ou porque hoje ocupa função de Desembargadora. Ela venceu desde cedo, quando não se curvou às construções sociais impostas.
Com ela vence a faxineira, a doméstica, a comandante, a policial, a maquinista, a mestre de obras, a engenheira, a árbitra, a jogadora. Vence também àquela que ousou quebrar barreiras e se estabelecer onde fosse conveniente às suas convicções.
Agosto Lilás é mês de falar com combate a violência contra a mulher? Sim, de fato! Mas penso que também seja um mês para que, nós homens, a exaltemos em igualdade. Simples assim. Nem mais, nem menos! Apenas o convívio respeitoso em equidade.
Um mês para lembrarmos todos os dias do ano de que postos, cargos, posições sociais ou de trabalho não se conquistam com base nos cromossomos X ou Y. Por oportuno exalto a iniciativa igualmente louvável, capitaneada pela amiga Sônia, que por meio do grupo Maria Firmina, busca debater a ampliação da figura feminina no âmbito do Judiciário, nas Cortes de Justiça, nos espaços de liderança dentro do nosso Egrégio Tribunal.
Cumpre a mim reconhecer que é uma iniciativa digna de reconhecimento, ao passo que temos mecanismos para garantir essa equidade, a exemplo da regra de alternância, seja pelo Quinto Constitucional ou merecimento, na promoção ao posto de Desembargadora.
Os debates precisam avançar! Faz-se necessário pensar fora do quadrado que nos molda como humanos ainda arcaicos. O lugar da mulher é em todo lugar e cabe a toda sociedade essa discussão e a promoção desses espaços.
*Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís.Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.