*Por Osmar Gomes dos Santos
Diferentemente do dito popular, a esperança não é a última que morre, mas a primeira que vive. Ardente como chama no âmago de quem vive cada dia intensamente.
Não é palavra vazia, que alimenta um corpo a vagar. Tampouco é palavra que habita em ser idílico, cujo sonho, é o alimento que o mantém vivo.
Ter esperança é ser esperança. É estar cheio de si, é transbordar amor, irradiar alegria. É provocar ações e atitudes positivas. É abdicar muitas vezes de si, a ponto da chama quase se esvair, para acender a fagulha que habita noutro ser, fazendo surgir uma nova luz.
Renova-se a esperança, que segue a contagiar como uma corrente do bem. Amor incondicional, que entrega o que há de melhor sem ver a quem. Fazer o bem sem se importar com cor, gênero, idade, classe.
Numa relação de esperança não é o sangue o amálgama a unir duas histórias, mas tão somente a alma. Isso porque ela se despe de egoísmos, preconceitos, vaidades, rancores, invejas. Apenas emana o bem.
Pessoas assim são como o sol, que mesmo diante dos dias nublados, está lá a brilhar, mesmo nos momentos cinzentos. Contagiam, irradiam, agregam, somam , mesmo quando não estão mais entre nós, porque a teimosa lei da vida insiste em não mudar seu curso, ela se faz presente em legado. Presente na forma, obviamente, de esperança, de chama que ainda arde, dos frutos que serão colhidos por conta da semente que plantou.
Uma bela analogia. É a esperança como uma árvore da vida, que finca raízes, apoia a próxima por seu sistema radicular, dá sombra a quem é digno de descanso e o seu fruto a quem tem fome.
Cresce imponente não para saciar a si própria, mas para dar sempre mais àqueles que orbitam seu redor. Resiste às intempéries, enfrenta as adversidades das mais fortes rajadas de vento como uma oportunidade de lançar mais ao longe suas sementes.
Não há dissabor para quem vive da esperança. O sorriso no rosto e o jeito leve são marcas de tocar a vida. Quando falta um pão, um ovo, um arroz, certamente não há de faltar a esperança.
Ela enfrenta os dissabores da vida, ri das desventuras e segue virando páginas, ora alegres, ora nem tanto. Porém sempre esperançosa de que a próxima haverá bons motivos para arriscar novos rascunhos no papel em branco.
Nem mesmo a morte, ao cruzar seu caminho, é capaz de abalar suas certezas. Quem tem esperança, tem fé. Quem tem essas duas, não ocupa seu tempo quanto aos mistérios e desígnios a ela reservados, pois é sábio e já compreendeu.
Vive de coração manso, acredita no outro, mesmo quando as mãos que o cercam se enchem de pedras. Não é capaz de julgar, de ferir, de desconfiar. Tão somente vive para esperançar.
Pessoas que alcançam tal nível de evolução enquanto seres humanos são distintas. Transformam a realidade a sua volta e deixam marcas indeléveis na vida daqueles que se permitiram crer na esperança.
São como anjos que vivem para propagar o bem. Desconfio, pois, que até os sejam, de fato. Seres divinos e iluminados, designados por Deus para ensinar que há caminhos possíveis para a humanidade.
Creio, com quase toda certeza, ter esbarrado em algum desses seres de bem. Por uma traquinagem do destino, se foi antes do combinado. Apesar da saudade que aperta, deixou aqui viva a sua marca, em forma de sorriso, fé e esperança.
Na briga entre a morte e a esperança, não restam dúvidas de que a primeira nada mais significa do que o fim. A segunda, revela de forma inesgotável a renovação de ciclos que mantêm de pé a humanidade.
*Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís.Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.
Muito agradável e prazeroso lê um texto com o uso das palavras tão lindas e perfeitas.
Muito agradável lê um texto com o uso das palavras tão lindas e perfeitas.
Excelente esse texto.
A esperança e a fé acho que são alimentos da alma para a sobrevivência do corpo.