*Por Osmar Gomes dos Santos
Ninguém duvida da sabedoria de nossos antepassados, seja em qual continente ou nação for, mas há que se aplaudir o legado olímpico deixado pelos gregos para a posteridade. Do Monte Olimpo ao norte do Peloponeso, para todo o mundo.
E não existe, no esporte, uma festa mais democrática. Um misto de sentimentos sem igual: emoção, estresse, frustração, vibração. Levamos medalhas inéditas, batemos na trave em algumas e sucumbimos noutras modalidades. E as meninas do futebol? O silêncio poderia dizer muito, mas é bom soltar o verbo. Guerreiras que se classificaram no limite, que superaram críticas e derrubaram adversárias fortíssimas. Venceram o apito e o cronômetro teimoso em esticar os acréscimos para perto dos 20 minutos. Certamente Chronos não deve ter ficado nada satisfeito.
O sonhado ouro da Rayssa não veio, mas o seu sorriso já é dourado por natureza e nos alegramos com mais um bronze da nossa Fadinha. A mesma cor que refletiu o nosso judô por equipes, que quis o destino recaísse o desempate para nossa valente Rafaela Silva, num esporte que já havia alcançado lugar mais alto com a nossa gigante Beatriz Souza.
Até aqui, nossa seleção feminina de vôlei avança, com justiça. A injustiça, por outro lado, veio do mar, que impediu uma quase certa dobradinha de ouro olímpico no surf. Onde foram parar as tão famosas e formosas ondas do Teahupo’o? Mas ficamos com a prata e o bronze.
Nossa Rebeca Andrade brilhou. Maior atleta olímpica brasileira, sorriu com o bronze por equipes, vibrou com a prata e foi reverenciada ao colocar nossa bandeira no lugar mais alto do pódio. Atuações dignas de aplausos em um esporte antes dominado por americanas e europeias. Antes…
Aprendemos a amar o tênis de mesa e choramos junto com o Hugo Calderano. Foi muito por pouco, mas você encheu o Brasil de orgulho e colocou todas as américas no mapa desse esporte, dominado por asiáticos. E o que dizer do menino que rasgou o prognóstico médico de que dificilmente voltaria a andar? As passadas firmes e ligeiras, outrora desenganadas, levaram Caio Bonfim a uma inédita prata na marcha atlética.
Acima de tudo, especialmente em um país como o Brasil, as Olimpíadas mostram a importância do esporte na vida das pessoas. Histórias de superação, sejam elas da vida, sejam aquelas que a extrema dedicação ao esporte cobra do corpo.
Esporte é fantástico. Superação, dor, raiva, alegria, solidariedade, lágrimas, sorrisos… Os deuses do Olímpo pensaram em tudo quando deram inspiração para criação dos jogos. Que a chama do esporte que une nações possa seguir acesa e que Los Angeles possa inspirar novas e belas histórias.
*Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.