O Município de Cajari vive um misto de alegria e tristeza. A primeira em razão da passagem de mais um aniversário, alcançando seus 73 anos de emancipação. Por outro, ainda chora a recente perda de sua gestora municipal que, em pouco tempo, muito realizou pela Cidade.
Não é segredo que de lá eu vim em busca de melhores oportunidades de vida, após a morte de meu pai. Naquela noite fria éramos eu, uma irmã e a mãe, algumas galinhas, um punhado de farinha e algumas poucas roupas.
Quando aportei na Rampa Campos Melo fechei os olhos e disse que seria um até breve e assim é até os dias atuais. Cajari sempre esteve na minha essência, na minha alma, na minha vida.
Não perco uma só oportunidade de fazer a viagem de volta, pisar naquele que é meu chão e sentir que minha alma está em paz naquela que é a minha terra. Falando de gestão, como foi bom ver meu Cajari florescer nos últimos nove meses.
Nove meses e vinte e dois dias, para ser mais exato. Tempo esse que mostrou ser possível fazer um trabalho sério, como tem sido feito pela maioria dos gestores municipais em cada rincão deste Estado.
Quem pôde desfrutar dos avanços recentes, das melhorias visíveis em diversas áreas, sabe que existe motivos para comemorar e ter esperanças. Nos últimos meses, quem andava “cabisbaixo” levantou a cabeça, quem tinha o semblante triste voltou a sorrir.
Aquela que já não está entre nós devolveu o sorriso e a esperança ao povo de Cajari, encorajando cidadãos e cidadãs daquele pedaço do Maranhão e fazendo-os acreditar que o amanhã há de ser melhor. É possível.
Possibilidade que transformou um pequeno porto em pujante e promissora Cidade, com terras férteis, lagos e rios de beleza exuberante, que garantem o alimento de um povo forte e trabalhador.
Meu coração transborda por meus olhos, mas como dizia a forte Maria Felix “um povo forte e trabalhador não baixa a guarda, precisa arregaçar as mangas e seguir”. Não é hora para chorar, Cajari. Falo-te como bom filho desta terra e viúvo daquela que te abraçou, levando você no peito e deixando uma marca indelével de seu amor por teu chão.
Que os mistérios que esta terra ainda carrega, possa teu povo desvendar e descobrir a própria força que carregam dentro de si. Povo de tantas voltas por cima, que mesmo diante do luto recente encontra forças para dizer-te: parabéns, Cajari.
Que seus campos continuem a esverdear esperança por este pedaço do Maranhão, pois há motivos para comemorar. É possível manter o Município no rumo do progresso, da preservação do seu peculiar ecossistema e do cuidado com a sua gente.
Existe um dizer que fala do “mal acostumado”, que remete a alguém que se acostumou com algo e que agora não consegue mais ficar sem. Soubesse ela que o pouco tempo que passou deixou em Cajari, eu diria, um povo bem acostumado.
Acostumado a participar, a cobrar, a acreditar que é possível uma Cajari melhor. Acreditar que cada um pode dar sua contribuição no progresso do Município. Acreditar que não há batalha perdida que nos fará abaixar a cabeça.
O povo de Cajari é antes de tudo um forte. Sua essência está em mais de um século de luta e trabalho para fincar raízes às margens do Rio Maracu.
É hora daquele que te ama te abraçar, Cajari. Envolver-te nos braços da alma e te sentir com o coração. Teu passado de encantos permitiu ao teu povo um presente de esperança e um futuro de realizações. Erga-te, Cajari. Felicitemos com mais um ano e sigamos avante rumo ao progresso.
TUDO NO TEMPO DE DEUS.
Osmar Gomes dos Santos, Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras