É natural que toda tecnologia apresente rupturas e possibilite ao ser humano novas formas de executar uma atividade. Tem sido assim em todos os ramos laborais, tem sido assim em todas as áreas de nossas vidas, também fora do trabalho.
Nos meios de comunicação, essas mudanças têm ocorrido de forma ainda mais frenética, assentadas no vertiginoso avanço da informática. Da prensa de Gutenberg às redes sociais de Zuckerberg, os meios de comunicação, criados para levar informação e entretenimento às pessoas, apresentaram gigantesco salto.
E lá se vão quase 600 anos, desde os tipos móveis, arquitetados sobre uma pesada estrutura, que permitiam transpor para o papel conteúdos de livros e folhetins. Hoje está tudo no mobile, desenhado para “rodar” levemente por entre uma infinidade softwares e aplicativos.
Em meio às frequências, decibéis e dados, o rádio persiste, atravessando gerações e sendo reinventado. Marcou era, lançou vozes que entraram para história da música em todo mundo. Reunidos em frente a um rádio, bastava sintonizar o “canal” preferido no dial e lá se fazia o poder da comunicação a alcançar milhões de lares. Notícia, música, esporte, entretenimento. Era uma TV sem imagens.
Tamanha sua importância para a humanidade, que as Nações Unidas reservou a data de 13 de fevereiro para comemorar o Dia Mundial do Rádio, uma alusão à criação de sua própria estação, em 1946. A proclamação se deu em 2011, sendo aprovada unanimemente em assembleia geral do organismo internacional, realizada em 2012.
Meio de comunicação de massa com traços peculiares, como o baixo custo e o longo alcance, penetrou nas camadas mais populares e nos lugares mais longínquos. Essa característica fez do rádio um veículo de inclusão social.
Mas o rádio também pegou carona no avanço tecnológico e se reinventou. Adaptou-se a novos formatos e migrou para outras plataformas, tornando-se ainda mais democrático. Hoje, ele é digital, está na web. O conteúdo que viaja por ondas curtas e médias, agora está também nos bits da banda larga, navegando por redes de fibras ópticas.
Essa popularização possibilitou que previsões fatalistas caíssem por terra. Ao invés do obsoletismo, o que se viu foi a proliferação desse meio de comunicação. De forma ainda mais acessível, ele está nas comunidades, nos laboratórios de faculdades, nas grandes corporações, nos lares, nos veículos.
Novas ferramentas surgem, os smartphones cada vez mais trazem a vida para dentro das telinhas, mas a audiência do rádio continua nas alturas, quase intacta. Quem nunca se pegou buscando companhia nas ondas do rádio?
Justamente por esse poder de capilarização no tecido social é que ele foi e ainda é uma das formas mais legítima de expressão de ideias e pensamentos. O rádio apresenta a pauta do dia, informa, diverte. O acesso à informação garante a liberdade de expressão, base de um regime democrático.
Vozes continuam a se perpetuar nas manhãs, tardes e noites, em programas dos mais ecléticos. Tem para todos os gostos: do descontraído ao dramático; do gospel ao samba; do noticiário sério ao humor bonachão.
Até quando resistirá, não se pode precisar. Mas com glamour, ele resiste ao tempo e continua a encantar. Como explicar torcedores que vão aos estádios para assistir seus clubes ao vivo, mas ainda sim insistem em colar a orelha nos pequenos alto-falantes para sentir todas as emoções da transmissão pelo radinho?
Não merece os parabéns apenas o rádio, aparelho; mas, também, a rádio, empresa. Assim como estão de parabéns todos aqueles que fazem parte da grande família de radiodifusão, no Brasil e no mundo. Obrigado a todos – comunicadores, operadores, técnicos – que levam as ondas do rádio aos rincões de todo país.
Osmar Gomes dos Santos, Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.