*Por Osmar Gomes dos Santos
No último dia 22 de março foi comemorado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas em 1993, como forma de chamar atenção a este líquido essencial para a vida na terra. E despertar a atenção não quer dizer apenas colocar o tema em evidências, mas destacar a necessidade de todos assumirmos papel crucial na sua preservação. Para alguns a pauta pode não ser tão relevante: acordam e abrem o chuveiro, a torneira, o bebedouro.
Para outros, no entanto, esse líquido é algo raro, ao menos a água potável de cada dia. Em se falando de Brasil, o Instituto Trata Brasil publicou estudo que mostra que 32 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à água potável. Aquela mesma do chuveiro, da torneira, do bebedouro.
Não vou adentrar em números de saneamento, como coleta de resíduos e tratamento adequado dos mesmos. Os cuidados, ou a falta destes, apenas revelam o egoísmo da nossa natureza humana com algo que nos é dado como dádiva pela natureza.
E olha que não falo de todo o país. Os dados, ora publicados, revelam essa triste realidade nos 100 municípios mais populosos da nação. Apenas 100, dentre os mais de 5 mil. Imaginem, portanto, os números absolutos.
Situação caótica é possível observar em municípios com piores percentuais de acesso à água pela população. Porto Velho (41,74%), Ananindeua (42,74%), Santarém (48,8%), Rio Branco (53,5%) e Macapá (54,38%).
A pesquisa nos ajuda a perceber o tamanho do abismo que temos a vencer enquanto humanidade. Mesmo em países abundantes, vive-se uma crise profunda na rede de distribuição, acesso, coleta e tratamento adequado.
Esse ciclo mostra que o ouro líquido essencial à vida não é finito, posto que jamais se acabará. Mas poderá estar disponível em condições cada vez menos adequadas ao consumo humano.
Isso chama a atenção de todos, obviamente de agentes públicos, os quais têm o dever de implementar políticas públicas de manutenção do ciclo da água. Mas os cuidados cabem a todos, ao evitar o desperdício, fazer reaproveitamento e zelar pelas condições ambientais que favoreçam a renovação.
Em países da África ou Oriente Médio, por exemplo, água vem se tornando problema central das políticas instituídas. Pagar muito caro pelo líquido ou caminhar quilômetros para conseguir um balde de água barrenta já é realidade de milhões mundo afora, inclusive em nosso sertão.
Para além da água nossa de cada dia, o olhar aguçado sobre preservação de rios e mares, cada vez mais poluídos e contaminados, é fundamental à vida. Toda cadeia alimentar perpassa pelos vários ambientes onde a água está na origem de todo ser que respira.
Como o beija-flor em voo solo a apagar o incêndio, façamos nossa parte. E já não falo para as gerações futuras, mas a atual. Cuidemos do que temos, diante de um cenário de escassez mundial onde muitos cidadãos no mundo já não tem o mínimo necessário a uma vida digna.
Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.