*Por Osmar Gomes dos Santos
O nosso momento político apresenta certa instabilidade, com alguns grupos dissidentes tentando reverter o resultado do “jogo democrático jogado “ dentro das quatro linhas. Entretanto a regra é clara: numa eleição, leva quem tem a maioria.
Pode reclamar, descabelar, espernear, bater o pé. Pode chamar o VAR, pedir replay, porém não cabe xingar o árbitro da partida. O jogo eleitoral é limpo e na melhor acepção de um ditado da seara jurídica, “pau que dá em Chico, dá em Francisco”. Assim, voto que elege hoje, reprova amanhã.
É preciso entender que em nosso sistema eleitoral, a urna que proclama um resultado vitorioso hoje, é a mesma que daqui a quatro anos poderá declarar a derrota. Porque, na verdade, não é a urna quem diz, mas a vontade do povo por ela manifestada.
Alguns políticos se elegem e esquecem duas coisas. A primeira, que o mandato é temporário; segundo, que ele, enquanto agente político terá sua conduta posta à prova durante esse mesmo mandato.
Nossa Constituição Federal completou 34 anos, e, ao que parece, enfrenta a primeira prova cabal de que os mecanismos por ela instituídos são capazes de assegurar o funcionamento da democracia.
Enquanto alguns inconformados insistem em promover atos de transgressão, o Brasil segue seu voo. Mesmo que não seja em céu de brigadeiro, o país dá sinais ao mundo que sua nação amadureceu e sua democracia se encontra mais sólida, capaz de resistir a investidas de derrubá-la.
Prova disso são os sinais da economia, que segue apresentando números positivos, mesmo diante do cenário mundial ainda instável. O desemprego segue caindo, setores políticos – vencedores e vencidos – dialogam as melhores alternativas para a nação e mesmo membros das forças armadas não dão sinal de contrariar a voz do povo.
Diferentemente de outros momentos em nossa história, o Brasil de hoje apresenta uma conjuntura bem diferente. As instituições funcionam, setores sociais conversam, os militares têm a consciência de seu papel para a manutenção do equilíbrio da ordem e não parecem acenar para a anarquia desejada por alguns.
Amadurecemos! Não se pode pretender levar no tapetão um jogo que foi limpo. Pode haver insatisfação? Sim. O jogo político, a democracia, não tem a unanimidade como um ponto a ser alcançado, mas as próprias contradições de ideias.
No entanto, o confronto dessas ideias deve ser levado ao campo das argumentações e dos embates, traduzido no jogo democrático. Nesse embate, o conflito é bem-vindo, pois é combustível que move lados antagônicos. Todavia sem pretender jamais destruir o oponente.
É tempo de copa do mundo e para alguns, não cabe melhor expressão que aquela tantas vezes ditas por nossos pais: vai te catar, menino! Em tempo, a copa da “anti-diversidade”, neologismo proposital contra uma postura intolerante, poderia servir de exemplo para muitos.
Não falo da organização do campeonato. Reporto-me aos jogadores que têm dado lição de como competir dentro e fora de campo. Disputas exaustivas, mas não desleais. Ao apito final, abraços, elogios, votos de sucesso na caminhada.
Penso que é chegado o momento de ser feito o mesmo por aqui. A falta de humildade, hombridade e honradez de um(uns) tem servido de combustível para alguns insistirem em teorias e teias de conspiração que não cabem em nosso espaço democrático.
Como dizia Arnaldo Cesar Coelho, árbitro de Copa do Mundo, daquelas que mereciam ser escritas com “C”: a regra é clara! Em um estado positivado, o equilíbrio social perpassa pelas normas.
Não apenas são claras, como estão postas. Não se pode ganhar todas as partidas, tampouco todas as copas. Assim são nos pleitos eleitorais, ora se perde, ora se ganha. Cada apito final é um recomeço de um novo ciclo. Segue o jogo, dentro das quatro linhas.
*Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís.Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.