*Por Osmar Gomes dos Santos
Gestores públicos, ao assumirem posições estratégicas, precisam sempre ter muito cuidado com suas atitudes. Quando se está em posição superior, de ter a caneta e a última palavra é preciso que se tenha equilíbrio nas palavras, condutas e ações.
Tudo que falamos ou a forma como agimos repercute nos mais diversos setores, seja em um pequeno município, em um estado, país e, principalmente, na maior nação do mundo.
Legitimamente, Donald Trump assumiu o poder não apenas dos Estados Unidos da América. De tabela – e por consequência – sentou-se à cadeira mais poderosa do mundo. Em todos os sentidos, a dita América é e deve ser tratada no superlativo.
No entanto, quem está no comando da dita cadeira, precisa retomar o bom senso e dosar nas suas palavras e atitudes. Não importa que seja a nação mais rica, poderosa econômica e militarmente. Vivemos em um mundo de conexões e interdependência.
O retrato de tudo isso está aí. Seja na economia, onde falas e atos repercutem positiva ou negativamente; seja no aspecto ambiental, onde também há, por consequência, o impacto global de atitudes predatórias e um comportamento nada sustentável.
Nessa toada, bater forte sobre a mesa, entoar discursos cheios de autoridade e de uma verdade unilateral absoluta não parece ser uma medida coerente com aquilo que o mundo espera da “maior potência”.
Muitas já foram as decisões polêmicas da segunda gestão Trump, mas poucas ações de efeito prático para unificar ações mundo afora.
Fechar a fronteira com o México, manter acorrentados extraditados dos Estados Unidos para países latino-americanos parece fácil. Difícil, até o momento, parece ser acabar com a absurda guerra entre Rússia e Ucrânia.
Essa promessa de campanha para o primeiro dia de governo, que já se constata não cumprida, soa como retórica barata. Aqueles discursos do “medo” para alguns poucos e pequenos países que pouco podem fazer a não ser aceitar.
Na medida em que a coisa ganha proporções maiores, o discurso muda, o tom ameniza e algumas coisas são relativizadas. Nada mais é absoluto!
Por que adotar pesos e medidas diferentes na política externa, especialmente com aqueles com menos poder de barganha? Não adianta esbravejar, dar murro na mesa e impor a política do medo e retaliação.
“Se não fizer o que estou determinando, haverá consequências”. Esse tipo de discurso apenas afasta ou, pelo menos, inviabiliza ações conjuntas e o apoio das nações para pautas, de fato, importantes.
Temos distinções político-ideológicas mundo afora, é verdade. Há que se resolverem pendências, fato. Mas é importante que se diga, há assuntos em comum para serem passados a limpo.
Não se trata apenas da pauta verde, ameaçada com a posição radical dos Estado Unidos de se retirar do acordo de Paris, mas de pensar a sustentabilidade aliada ao progresso que possibilitará um prato de comida e uma vida digna para milhões mundo afora que vivem a escassez de alimentos.
Enquanto virmos, em quaisquer dos continentes, uma mesa vazia do básico para uma vida digna, é sinal de que os gestores globais estão fracassando naquelas missões que assumiram de realizar o bem maior e coletivo.
Utilizemos uma prática muito comum em processos conciliatórios: baixemos o tom para que nos permitamos ouvir o outro e suas versões. Enveredemos pela via do diálogo assertivo, com respeito a tudo e a todos. Murros em mesa não resolvem!
Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas; ALMA – Academia Literária do Maranhão e AMCAL – Academia Matinhense de Ciências, Artes e Letras.