*Por Osmar Gomes dos Santos
Da prensa de Gutemberg aos dias atuais, alcançamos uma dimensão jamais imaginada do ponto de vista do alcance da comunicação. Mesmo que McLuhan tenha ventilado a criação de uma aldeia global, nunca ousamos imaginar o que seria e o que é, hoje, essa tal teia globalizada.
Pegando carona nessa onda, pessoas saíram do mais completo anonimato e hoje se apresentam como “influencers”, termo que, traduzido para nossa língua, significa influenciador. Para alguns, não se sabe do quê!
A concepção é simples: influenciar alguém a alguma coisa. Seja adotar uma conduta, um comportamento, uma atitude. Ou para uma ação específica, boa ou ruim; até mesmo para impulsionar o consumo de produtos propagandeados por esses tais influenciadores.
Não estou aqui a julgar trabalhos realizados de forma honesta. Respeito o trabalho íntegro, não importa sua modalidade, tal qual quem segue pessoas seja lá por qual motivo for.
Mas é preciso chamar a atenção para o cuidado com aquilo que temos deixado nos influenciar. As horas perdidas em frente das telas e os comandos dados para agirmos quase sem pensar, no automático. Os casos recentes de personalidades da web que têm sido alvos de operações policiais, no mínimo, acendem um importante alerta e nos traz um questionamento: quem estamos a idolatrar nas redes e de que forma temos deixado nos influenciar?
Esse exame é necessário a todos nós e precisa ser diário, para que não corramos o risco de criar uma “nação” que reage de forma automática aos estímulos das mídias. Era essa uma das primeiras teorias da comunicação, ainda baseada no processo de causa e efeito, suplantada pela racionalidade.
Sobre os tais influencers, há bons e sérios profissionais, claro. Por isso, em um universo de disputas pelos views, likes, cliques e compartilhamentos, é tão importante separar o joio do trigo.
Um dos caminhos possíveis é fazer escolhas assertivas de quem seguir. Profissionais que realizam bons trabalhos e prestam algum serviço relevante à sociedade, em detrimento da ostentação de uma vida de fantasias, moldada para ludibriar e persuadir comportamentos sociais, mas que, na prática, é inacessível para a quase totalidade das pessoas.
Além disso, é importante consumir conteúdo de forma equilibrada, saber a que se destina cada oferta. Refletir sobre as armadilhas que podem estar por trás de promessas fáceis, especialmente aquelas ligadas aos joguinhos, que têm levado muitos à dependência, falência, depressão.
Não se pode, por outro lado, esquecer da necessidade das ações estatais, que precisam focar o aspecto educacional. Levar o assunto para dentro das salas de aula, para os espaços públicos, para a mídia tradicional e mesmo campanhas nas redes sociais. Claro, além de inibir jogos que não tem regulamentação e que lesam as pessoas.
Se vale como conselho, costumo seguir nas redes sociais pessoas que, em alguma medida, podem contribuir com algo que seja útil à minha rotina diária. Claro, sem esquecer aqueles perfis que me permitem algumas boas risadas, relaxar. Leve, sem ser fútil.
Para além do apelo dos cliques e das visualizações; das ofertas mirabolantes de soluções. Em tempos: Seguir, seguir e seguir, vale a máxima que minha mãe costumava repetir para mim e meus irmãos: galinha que acompanha pato, morre afogada.
*Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.