*Por Osmar Gomes dos Santos
Há um ditado que diz: após a tempestade, vem a bonança. Dito popular que resgata esperança e otimismo em dias melhores, frente às intempéries. No caso do Rio Grande do Sul, a bonança ainda há de aguardar um pouco mais.
Como sabido, neste momento, no hemisfério sul, as temperaturas caem e tendem a ficar ainda mais baixas com a chegada do inverno, no dia 20 de junho. Alguns lugares já registram previsão de neve, o que é comum naquela região do Brasil.
O que outrora foi motivo de alegria, com milhares de turistas de todo país a curtir o frio e quiçá assistir à neve cair, agora é motivo de preocupação. O frio de agora já não aquece a economia local e sobre a neve, melhor que ela nem venha.
Nesta época do friozinho, a alegria tão marcante do receptivo povo gaúcho, dá lugar ao medo e à incerteza. Ainda com milhares de desabrigados e desalojados, o Rio Grande do Sul se prepara para um dos momentos mais desafiadores de toda a tragédia: o frio intenso.
Encarar baixas temperaturas sobre as cobertas, entre quatro paredes e nas casas com aquecedores nunca foi problema para os irmãos do sul. O problema é que, agora, precisarão enfrentar esse desafio em abrigos improvisados e amplos espaços sem a devida estrutura de aquecimento.
Eis mais um dos motivos pelos quais a ajuda ao Rio Grande do Sul não pode parar. O tempo “ruim” segue sem dar uma trégua adequada. Para cada dia sem chuva, o dia seguinte volta a trazer nuvens carregadas sobre um solo que já está saturado.
A quantidade de água foi tanta que a capacidade de absorção já está no limite. Qualquer chuvisco é motivo de alerta máximo para a subida de rios e lagoas. As ruas, vazias de esperança, voltam a ficar alagadas, adiando o tão desejado retorno a um lar que precisa ser reconstruído.
Por essas razões aqui expostas é que reforço o pedido que sempre faço nas minhas rodas de conversa: vamos ajudar mais. Precisamos seguir compartilhando tudo que podemos. Roupas, agasalhos, comida, água, dinheiro.
A imensa corrente que tomou conta do Brasil no último mês deve seguir, sem prazo para terminar. Só devemos parar de ajudar quando o estado do Rio Grande do Sul estiver totalmente reerguido, quando sua gente puder voltar a sorrir e olhar adiante com esperança e dignidade.
Por falar em esperança, o Brasil que assisti durante todo o mês de maio é o país no qual acredito. Não aquele país do futuro, mas o Brasil do agora. De um povo solidário, que doa ao próximo o pouco que tem ou que doa a si mesmo ao estender as mãos a quem precisa.
Seguimos firmes. Até estarmos todos de pé, ninguém solta a mão de ninguém. E que neste frio, sejamos o calor a manter viva a chama no coração do povo gaúcho.
Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.