*Por Osmar Gomes dos Santos
O carro elétrico não é novidade. Registros de mais de um século já mostravam protótipos que tinham a intenção de ganhar espaço com esse tipo de “combustível” para mover os meios de transporte sobre rodas, como é o caso do alemão Flocken Elektrowagen, de 1888.
A própria brasileira Gurgel, famosa fabricante de veículos nacionais no século passado, lançou a versão tupiniquim “Itaipu”, em 1969. Esses projetos, no entanto, não foram adiante, por uma série de motivos. Problemas relacionados a baterias – desafios ainda existentes –, a deficitária infraestrutura mundial de produção e distribuição de energia elétrica, além da prioridade global pelos combustíveis fósseis, fez com que projetos fossem engavetados.
O novo século, no entanto, trouxe uma virada de chave no comportamento humano e a necessidade de buscar alternativas aos poluentes combustíveis fósseis. É chegada a hora de pegar o espanador e “retirar a poeira” acumulada sobre as ideias.
Atualmente, além dos problemas ambientais, novas fontes de energia limpa e o avanço tecnológico permitem a produção em larga escala. Países do mundo inteiro anunciam a substituição de suas frotas a partir de metas audaciosas.
Inovadora no cenário atual, a Tesla deu o pontapé para produção em massa, se tornando a maior fabricante de carros elétricos, até 2023. Outras montadoras, no entanto, vêm ensaiando projetos elétricos e híbridos como alternativa aos carros puramente à combustão.
No rol das novatas, marcas como Haval e BYD (Build Your Dreams) são bons exemplos e já se consolidaram por aqui. A BYD, inclusive, recentemente ultrapassou a Tesla em vendas, tornando-se a primeira em comercialização de elétricos no mundo.
Para a Tesla, ou para qualquer outra marca, o céu já não é mais de brigadeiro, mas esse é um feito para marca chinesa e que, certamente, ficará registrado na história que move a velocidade. O elétrico também se fortalece frente a um cenário de grande oscilação e encarecimento no valor dos derivados do petróleo. Na contramão, a queda no valor dos insumos de produção, que impacta na redução dos preços.
Importante que se diga, a eletrificação não chegou apenas ao mercado automotivo. Dispositivos de mobilidade sobre rodas, a exemplo de patinetes, bicicletas, scooters e motocicletas ganham destaque em capitais mundiais.
Na prática, nas ruas e avenidas, o que se observa é o aumento de marcas e modelos elétricos. Fica o apelo para que, por aqui, nossas vias sejam projetadas para receber, com segurança, essa nova realidade.
Chama atenção o fato de que estamos vivenciando transformações gigantescas, que podem ser vistas dentro de uma só geração. O que antes levava séculos, agora se dá em questão de uma, duas décadas, ou bem menos. Há casos, inclusive, que já podemos ver tecnologias nascerem e morrerem, substituídas por outras mais modernas em um breve intervalo temporal.
Voltando ao mundo sobre rodas, ele ganha novo ingrediente: mais econômico, mais eficiente, menos poluente, mais sustentável. Se são sinais de “evolução” ou de “desenvolvimento”, não posso afirmar.
No entanto, vejo que o movimento confirma uma tendência a um mundo mais preocupado com o seu ecossistema, com adoção de medidas concretas para mitigar os efeitos poluentes, em especial aqueles decorrentes da exploração do petróleo.
Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.