*Por Osmar Gomes dos Santos
Invasão, tiros, assassinatos, reféns. A reação, bombardeios, fogo cruzado, mobilização de tropas. A diplomacia deixada de lado, diante do ódio e do desejo de vingança.
O mais recente episódio no Oriente Médio, entre Israel e Hamas, na Faixa de Gaza, aponta definitivamente para um colapso da sociabilidade global. Reforça a crescente quantidade de conflitos que se espalham em muitas partes do globo. A depender da intensidade e interesses em jogo, esses conflitos, em um ou outro momento, tendem a ganhar novos contornos e maior amplitude. A escalada global de frentes de batalha que se assiste tendem a ser justificadas por precedentes históricos. Mas há outros fatores, especialmente, relacionados ao aumento de influência com interesses econômicos, que têm como pano de fundo os fatores religiosos e étnicos, por exemplo. Além de outros que levam cidadãos a pegarem em armas, seja contra outras nações ou mesmo contra seus concidadãos.
Conflitos na África, na Europa, no Oriente Médio, na Ásia. Regiões do mundo inteiro que são, na realidade, barris de pólvora. Não devemos, no entanto, olhar apenas para além-mar, visto que aqui também temos uma guerra diária nos aglomerados urbanos, que faz dezenas de milhares de vítimas todos os anos.
Todos esses acontecimentos nos levam a refletir sobre os rumos da humanidade. Se toda teoria aponta para uma origem comum, a mim não faz sentido tomarmos destinos tão diferentes e que nos afastam e nos encorajam a pegar em armas uns contra os outros. Será que realmente passamos a nos odiar pelos motivos mais fúteis ou apenas buscamos pretextos para justificar a fome incessante de poder e acúmulo de riquezas? Estamos perdendo a nossa humanidade ou simplesmente subvertendo a ordem lógica dos fatores?
Sob a ótica humanitarista, segundo a qual deveríamos caminhar para a fraternidade, não me parece razoável os pretextos utilizados para apertar o gatilho. A paz, a preservação da vida deveria ser prioridade absoluta.
Se pensarmos o progresso sob o viés da tecnologia, como justificar que avançamos tanto nessa seara, a ponto de criar uma inteligência artificial, sem nos darmos conta de que a nossa própria inteligência humana tem ficado esquecida? O desafio parece ser conjugar os elementos desse tal progresso.
No cenário atual, bom que se diga, não podemos olvidar da importância de organismos internacionais: ONU, OTAN, OMS e outras tantas organizações econômicas e humanitárias. Talvez seja momento de uma ampla discussão global, de tal forma que todas as nações possam participar e construir soluções coletivamente.
Não pretendo ser mensageiro do caos, tampouco ser pessimista, mas parece estarmos à beira do colapso que pode levar a uma guerra mundial sem precedentes. Se não pensarmos e agirmos no sentido dessas construções coletivas capazes de conciliar à mesma mesa interesses dos mais diversos, penso estarmos fadados ao fracasso da civilização. Faz-se necessário pensar sobre isso.
Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.