*por Osmar Gomes dos Santos
Falar da adesao do Maranhão à Independência do Brasil, data que recente comemoramos, é colocar em exercício um salutar saudosismo, que a todos nós enche de orgulho. Mas o título do artigo já remete a uma necessária reflexão: o que é independência? Como ela assegura aos cidadãos e cidadãs a autonomia necessária para agir sobre a ordem social?
Pois bem. O Maranhão era província rica, senão a mais rica do período colonial. Suas culturas, muito valorizadas na Europa, garantiam uma economia em forte movimento, facilitada pela excelente relação com a Metrópole. Daí advém a resistência em aderir ao grito do Ipiranga. Não que preferisse a “morte”, mas resistia pela sua autonomia econômica.
Meses se passaram, as elites agrícolas mantinham-se firmes no propósito de não se vincular à ideia separatista. A vila de Caxias era um dos centros produtores da província, espaço da elite intelectual e com forte atuação das chamadas elites agrícolas. Não à toa, foi berço da maior revolta popular do Maranhão, a Balaiada.
Revoltas, diga-se, que eclodiram em várias partes do Império, por motivos dos mais diversos e, especialmente, pelas insatisfações com a condução de Dom Pedro nos rumos da nova terra. Por aqui, após a tal independência, as coisas parecem andaram para trás.
Ah, amo meu Maranhão, por isso ouso criticar e te convidar a debater sobre seus indicadores atuais, que o colocam nas últimas posições.
Há algumas décadas o retrato não muda. Toda nova publicação de índices sociais e econômicos o Maranhão aparece nas piores posições. Quando aparece encabeçando a lista “dos mais” é para algo negativo. Quando a lista é “dos menos”, a história se repete.
Seu povo, aguerrido e trabalhador, merece um pouco mais. O Maranhão, por toda sua história e riqueza, merece mais. Não podemos mais ficar inertes frente a dados que jogam nossa autoestima na lama a cada nova divulgação de dados. E podemos, cada um e uma, fazer nossa parte.
Este não é um pensamento pessimista. Contrariamente, a coragem de torná-lo público vem da vontade de vê-lo avançar rumo ao progresso. Comemoremos a Adesão, sem, no entanto, esquecer que a independência ainda não chegou. Ao menos para a maioria da população.
Muito pouco se produz para o muito que se precisa consumir. Ao contrário, muito se produz daquilo que aqui pouco ou nada se consome. Refinaria não veio, indústrias são poucas, agricultura é incipiente.
Somos extremamente dependentes. Do óleo, gás, gasolina, vestuário, alimentos. Por produzir pouco, nosso frete se torna mais caro, os produtos que aqui chegam são mais caros. Temos potenciais. E é sobre eles que devemos depositar nossas esperanças para as próximas gerações.
Terra fértil, água, pescados, terras, história. Um mundo ainda a ser explorado pelo turismo, para que nossa rede hoteleira não tenha uma das piores ocupações .
Desejo a ti, Maranhão, que a mesma coragem de resisitr que guarda em tua história, possa te elevar ao patamar que merece. Já se vão quase 200 anos e se renova, em cada um de nós, o compromisso de te recolocar na posição que merece, tirando o teu povo da pobreza extrema e o Estado, da miséria absoluta.
*Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Escritor; Acadêmico; Professor; Palestrante. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.
Muito bom, tirando duvidas parabéns!!