O terceiro setor faz parte da estrutura organizacional brasileira, vindo logo após o primeiro (Estado) e segundo setor (empresas privadas). É uma esfera da sociedade civil organizada que cresceu em dimensão e importância e nunca foi tão essencial quanto agora.
Em regra as organizações do terceiro setor são constituídas por aquelas instituições privadas sem fins lucrativos e com objetivo de atuar pelo social. Dentre elas estão associações, fundações, Institutos,ONG’s, OSCIP’s, OS’s, instituições religiosas, ente outras.
Embora importante para a nação, é nas comunidades, na periferia, no sertão desfavorecido, que o terceiro setor tem feito a diferença na vida de muitas pessoas. Brasil afora, um exército de empregados e voluntários leva alento a milhões de brasileiros.
Nos tempos em que vivemos, são brasileiros que asseguram a outros brasileiros uma vida mais digna. Comida, água, roupa, saúde, educação, qualificação, cultura, esporte, lazer. Esse rol de benfeitorias vai muito além, ficam os citados apenas como exemplo.
É bonito de ver a atuação como a da Central Única das Favelas – CUFA, que há anos desempenha forte trabalho social em diversas comunidades do Brasil, em diversas áreas. Durante a pandemia, realizou um forte trabalho de arrecadação e distribuição de alimentos para famílias que perderam suas rendas.
Agora, mais uma vez, o projeto conclama os brasileiros a se unirem em favor das vítimas das enchentes, especialmente do sul da Bahia. Milhares de cestas estão sendo direcionadas para a região, a fim de minimizar, com um prato de comida, o sofrimento daqueles que praticamente perderam tudo na inundação.
A forte atuação do terceiro setor no Brasil deveria servir de exemplo para muitos. Para aqueles que se enclausuram em seus castelos, assim como para aqueles gestores que governam dando caneladas enquanto a população agoniza.
Enquanto muitos se fecham em suas redomas, quietos, esperando a tempestade passar, o terceiro setor sai às ruas, em busca dos mais aflitos e desamparados.
Milhões de vidas seguramente foram salvas por iniciativas de pessoas de bem, que dedicam suas vidas ao próximo. Crianças que saíram das ruas, mataram sua fome, aprenderam ofícios, viraram atletas de alto rendimento.
São pessoas comuns que atuam na linha de frente. Alguns poucos contratados, outros milhões de voluntários. Pessoas ditas “comuns”, que doam seu tempo, suas vidas, pelas outras pessoas.
Assim, o terceiro setor segue se movimentando, chegando a lugares em que o poder público não chega ou, pelo menos, não chega a tempo. Muitas vezes, devido à própria burocracia.
Em muitas comunidades carentes, bom que se diga, o serviço levado pelo terceiro setor é o mais perto que muitas pessoas conseguem chegar de um serviço de qualidade.
Não quero dizer com isso que o Estado não faz sua parte. Naturalmente, importante frisar, que há repasses de verbas públicas para a atuação dessas entidades, assim como isenções fiscais para algumas das atividades por elas prestadas.
Apesar do avanço e da importância, ainda há muitas entidades que não conseguem desempenhar bem suas atividades. Os motivos são muitos, mas os principais são a falta de verba, de organização financeira e contábil, de doações, de apoio de governos e de braços voluntários para executar os mais diversos serviços.
Frente às dificuldades, o trabalho não para. Para quem já se acostumou a lidar com problemas sociais, os obstáculos parecem servir como combustível.
O certo é que o terceiro setor segue proporcionando a organização da sociedade civil em torno de temas sensíveis e de interesse público, estimulando o engajamento de pessoas em questões sociais que visam à diminuição da desigualdade.
Importante frisar que o setor movimenta parte relevante do PIB nacional, estimulando empregos e uma cadeia de serviços ampla e dinâmica. Tudo isso, por consequência, serve como uma engrenagem que retroalimenta de forma permanente a própria sociedade.
Diante de tantos acontecimentos e de uma sociedade que clama, faça você também a diferença na vida de outras pessoas neste ano que se inicia. Seja um voluntário ou doador ao terceiro setor e ajude a mudar a vida de milhões de brasileiros.
Osmar Gomes dos Santos. Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.