Neste 1º de Maio o Maranhão rende homenagem a um veículo de comunicação que há 95 anos leva informação e cidadania aos mais diversos cantos deste estado. O Jornal O Imparcial teve seu ponto de partida em 1926, desde então se manteve firme na missão de informar, sendo hoje o jornal mais antigo em circulação no Maranhão e, seguramente, figura entre os mais longevos do país.
A iniciativa partiu dos irmãos Pires, que atuavam no ramo gráfico, e decidiram transformar aquele espaço em uma editora de jornal. Quebrava-se ali um ciclo de publicações com notório e conhecido vínculo político-partidário. A ideia era fazer um veículo independente.
Tudo era muito rústico. O Imparcial, que tinha como expoente o senhor João Pires, avô da esposa do ex-deputado Aderson Lago e bisavô do atual secretário de Estado Rodrigo Lago, tinha como principal concorrente o jornal Diário de São Luís, que tinha como editor José do Nascimento Morais, pai do saudoso escritor e acadêmico José Nascimento Morais Filho.
Naquela época, o Maranhão era um estado eminentemente agrícola e sua população ainda tinha um bom percurso para chegar ao número de habitantes da atualidade. A economia, com alguma manufatura, era baseada na produção de algodão, arroz, mandioca e no nascente ciclo do Babaçu.
Já na parte final da década de 20, o jornal ganhou concorrente de peso. O rádio surgia com a promessa de transformar a forma de comunicar, o que se concretizou anos mais tarde. Mas o jornal não perdeu sua importância, passando a conviver em uma espécie de complementação de um pelo outro, cada qual no seu espaço.
Em 1944, O Imparcial foi adquirido pelos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, um dos comunicadores mais fantásticos que o país já conheceu. O jornalista e empresário construiu um império de comunicação na década de 1960, deixando sua marca na história.
O jornal seguiu altivo, atravessou gerações, contou histórias, denunciou, contribuiu para a estabilização do estado de democracia vivido no Brasil. Falou de política, economia, empreendedorismo, esportes, meio ambiente, gastronomia, generalidades. Narrou as passagens da high society, assim como trouxe os acontecimentos da realidade nua e crua daqueles menos abastados, dando voz e vez aos de menos posse.
Deu sua opinião, sempre segura, equilibrada e alinhada ao propósito que carrega o nome, sendo Imparcial. O verbo pretérito é apenas para exaltar a importância histórica, visto que ainda no presente e certamente no incerto futuro, os fatos continuarão sendo contados nas páginas, sejam de papel ou eletrônicas.
Em suas cadeiras passaram profissionais da mais alta qualificação, alguns dos quais ajudaram a edificar a história do Maranhão. Personalidades que posteriormente se destacaram em outras áreas e ofícios, ou que devotaram a vida ao Jornalismo.
Merecem destaque José Sarney, Antônio Pacheco Guerreiro e José Ribamar Bogéa, que foram repórteres do jornal. Aureliano Neto, foi linótipo e Josemar Lopes Santos, foi revisor junto com Pedro Freire. Pedro Freire e Raimundo Borges comandam ainda hoje esse extraordinário império da cominicação. Este que vos escreve, foi jornaleiro de O Imparcial pelas ruas de São Luís, ofício atualmente já quase extinto e hoje é articulista desse gigante da informação.
Muitos desafios foram vencidos neste quase um século de história, para manter a credibilidade e a linha editorial inicialmente sonhada. Fruto de um trabalho sério, apurando informações, checando e confrontando dados, ouvindo a outra parte, essência esta do direito-dever de informar com responsabilidade.
Os tempos são outros hoje, e serão amanhã. Assim, O Imparcial segue se reinventando, se adaptando aos novos formatos. Se o papel dará vez definitivamente para o eletrônico, o tempo ainda há de confirmar essa tendência. Mas a certeza é de que não importa o formato, O Imparcial deverá continuar marcando espaço na liberdade de imprensa e formação da opinião pública como pilares da democracia. PARABÉNS AO JORNAL O IMPARCIAL E AOS QUE FIZERAM, AJUDARAM E AJUDAM A CONSTRUIR E MANTER A SUA HISTÓRIA.
Osmar Gomes dos Santos, Juiz de Direito da Comarca da Iha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras