Nos últimos dias, tomado pelo que viralizou na mídia nacional com repercussão em todo o mundo, procurei pesquisar sobre esse instrumento necessário para escrever utilizando a tinta. A caneta, essa caneta surgiu em 1884, quando Lewis E. Wateman patenteou tal invenção.
Mas as canetas esferográficas surgiram em 1937 por meio do húngaro Lásló Biró, que se baseou em uma caneta que não borrava e cuja tinta não secava no depósito, tal como fazia a velha caneta-tinteiro.
Qual a importância de uma caneta na vida de um ser humana? Logo uma caneta, algo tão pequeno e de pouca durabilidade se muito utilizada. Ah! Essa, a caneta, tem sim uma grande importância. O que seria de todos nós sem a caneta para escrevermos o que surge do nosso imaginário? Para rabiscarmos a alegria e a dor que por vezes transbordam os nossos corações? Como seria o nosso dia a dia sem uma caneta para assinarmos os ócios dos nossos ofícios?
Basta recorrermos a uma bela música, que por vezes foi imaginada, pensada e materializada na mesa de um bar, rabiscada com uma caneta em um pedaço de papel ou simplesmente em um guardanapo.
A cor da caneta, isso não importa. Pode ser preta, vermelha, verde, tudo é caneta e escreve do mesmo jeito, porém, umas são mais especiais do que outras, umas custam centavos, poucos reais, outras chegam a valores que somente poucas pessoas podem adquiri-las.
Não podemos esquecer que uma caneta, por mais simples que seja, sempre nos traz enormes alegrias. Nos voltamos para uma caneta de cor, olhe que as cores são coisas para a engenharia química e petroquímica, que nas misturas de pigmentações chegam à cor preferida e essas cores de tintas estão nas mais diversas canetas.
A caneta utilizada e perdida por Manoel Gomes, homem simples do sertão maranhense, tem cor e significado mais que especial. Uma caneta de cor azul, que tinha gravado o seu nome, era essa caneta que acompanhava o personagem todos os dias para a escola, depois de uma grande e dolorosa jornada de trabalho na roça, onde produzia o milho, a fava, a abóbora, o feijão, a mandioca, o arroz e outros produtos que colocava sobre a sua mesa e de milhares de sertanejos.
Manoel Gomes sabia com detalhes o que aquela caneta lhe representava. Era com ela que fazia as anotações em sala de aula, buscando aprender os ensinamentos repassados por sua professora; ao perder aquele instrumento,naturalmente se desesperou e foi através da sua alma que buscou fazer um apelo público para reavê-la.
De tamanha importância que era a caneta, fez com que a professora lhe reclamasse, certamente percebeu que Manoel Gomes não estava mais a cumprir as suas tarefas em sala de aula. O ator principal apelou, de início,o único objetivo era reaver a sua caneta azul que estava escrita com sua letra, pedindo para quem a encontrou lhe devolver.
Manoel já sabia que era um compositor, pois desde os quinze anos escrevia o seu dia a dia, o seu labor, o seu sofrimento, as suas alegrias, o seu amor não correspondido e guardava consigo, tal como o sonho de um dia levá-las ao público.
A alma de Manoel era tocada pela sensibilidade, pela afetividade, pelo amor, pelo apego ao objeto essencial aos seus estudos e condensava com o ritmo próprio do sertanejo, gostoso de ser ouvido e melhor ainda de ser admirado. A caneta azul, que antes era só um instrumento de escritas daquilo que lhe era repassado em sala de aula, passou a ser uma bela música interpretada em vários ritmos e por várias personalidades gigantes da música nacional e da musicalidade internacional. Mais de dois milhões de acessos, de visualizações. Os gingantes perceberam na simplicidade de Manoel Gomes, no jeito desengonçado de cantar, um rico e valoroso compositor em que por meio de uma única composição consegue agregar vários ritmos em torno dela.
Somente os homens capazes de perceber a grandeza e sabedoria artística por trás daquele homem simples, humilde e sem vaidades,logo transformaram a CANETA AZUL de um mero instrumento de escrita em musicalidade que fez milhões de pessoas delirarem nas redes sociais, nos mais diversos ritmos musicais. Viva Manoel Gomes; viva o Maranhão;Viva CANETA AZUL.
Osmar Gomes dos Santos, Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís; Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.